terça-feira, 15 de março de 2016
segunda-feira, 14 de março de 2016
NA ALMA FAMILIAR EXISTE UM LUGAR PARA OS ABORTADOS
Por Mazé Fontes (*)
Desde que nascemos caminhamos por
um campo aberto da existência. Fazemos uma longa ou curta caminhada. A
vida põe á nossa disposição um mapa completo onde encontramos
caminhos, roteiros, regras a seguir e até mistérios a decifrar.
Resta-nos fazer opções na trilha que
escolhemos percorrer onde há sinais deixados por quem antes passou pela
vida. Nossos pais e antepassados. Somos passageiros do destino carregando na
bagagem informações e memórias de nossas nascentes. Na jornada da vida nada se
perde. Tudo nos acompanha. E aí reside o mistério e a perfeição. Tudo é
perfeito do jeito que é.
A teoria das constelações
sistêmicas, terapia criada pelo psicoterapeuta alemão Bert Hellinger, afirma
que cada um de nós não é apenas uma pessoa. Somos um sistema. Chegamos ao mundo
através de uma família, de um casal, que
nos gerou. Fazemos parte dessa família para sempre. Desde a concepção temos
direito ao pertencimento, ao abrigo na alma familiar. Os vivos, os mortos e os
abortados fazem parte do sistema com igual direito, nem mais nem menos.
O principio ao pertencimento, que
nunca finda, garante que ninguém pode ser excluído da família. Chega para todos como uma dadiva da alma
familiar. É um direito conferido pela vida na concepção, quando o ovulo e o espermatozoide,
a serviço da vida, geram um novo ser. Por causa disso, os filhos abortados
também fazem parte do sistema familiar com igual direto de pertencer. A alma familiar zela por eles. E, mesmo que não sejam reconhecidos ou lembrados, fazem
parte da memoria do campo de vida da família.
A alma familiar é uma consciência
que se instala no campo comum do sistema familiar (onde tudo está contido) e
cuida pelo equilíbrio no clã. É aquela
energia imaterial, sem rosto nem forma, que nos põe em comum união com todos
desde a concepção. Esta instancia nos iguala e une. É ela que nos faz coautores
de um destino comum.
Em razão da concepção e do
nascimento ocupamos um lugar único na ordem do sistema familiar. Esse lugar é
intransferível e insubstituível, pertence àquela pessoa, também para sempre.
Cada pessoa que chega ao sistema passa a fazer parte dele dentro de uma
hierarquia onde desempenha papeis vinculados a esse lugar. A pessoa será então
o primogênito, o filho do meio, a caçula etc. Os papeis desempenhados na
hierarquia familiar e as habilidades aprendidas neles viram modelos para as
vivencias que passa a fazer no mundo.
Na hierarquia do clã ninguém pode
tomar o lugar do outro. A ordem é sempre dos mais antigos para os mais novos.
Não se pode inverter esta ordem. Se alguém
ocupa um lugar, que não é o seu, confusão e sofrimento surgem no sistema familiar da pessoa. Isto é, por lealdade inconsciente, alguém
retoma e revive também inconscientemente o destino de alguém que veio antes. A
isto se chama emaranhamento e significa
que os mais novos não devem tomar a si o lugar e as dores dos mais antigos.
Em síntese, é muito importante
entender que, quando a primeira concepção de um casal, ou outra, termina em aborto (natural ou provocado) o
filho que nasce na gestação seguinte, não pode nem dever ganhar o direito de
ocupar este lugar. Ao contrario do que costuma acontecer ele não é o mais
velho. Nem o primogênito. Ele é o segundo, o terceiro, o quarto, etc.,
dependendo da ordem do parto ou nascimento.
O desrespeito à hierarquia gera
algumas implicações indesejadas. Se o aborto virou um segredo familiar, se
ninguém diz que existiu, este
segredo gera sofrimento na primeira
geração e vira destino nas outras, uma vez que todos estão fora do seu lugar
geracional. O resultado é que todos, de algum modo, passam a vida procurando
seu lugar no mundo. Em geral, na infância apresentam comportamento inquieto,
não obedecem, brigam por qualquer coisa. Quando adultos, seu lugar original,
segundo ou terceiro, não esta disponível para ele. Mantém a sensação de que
”aqui não é o meu lugar”. “Isso não é pra mim”. Os filhos de pessoas, também
fora de lugar, por lealdade invisível poderão passar pelo mesmo sofrimento do
pai ou da mãe. Além disso, as pessoas que estão fora de seu lugar tendem a manifestar
lealdade invisível ao irmão abortado e querer se juntar a ele na morte. Em
função disso, às vezes, passam a viver situações de risco.
O que a constelação sistêmica
recomenda é que a hierarquia seja observada e respeitada. Acabar com o segredo.
Se houve aborto na família isto deve ser falado. O silencio e a tentativa de
esquecimento caracteriza uma exclusão. A
exclusão mutila a totalidade e o fluir da vida. Gera uma força de morte. A
harmonia do sistema exige a opção pela vida, a inclusão do filho abortado no
coração. Uma das formas de incluir é falar do filho abortado a quem veio depois
informado sobre o seu lugar de
pertencimento na família.
Isso deve ser feito para que cada
um se sinta pertencendo, no seu lugar,
no trabalho, nas parcerias, nas amizades, no amor e na vida. Ocupar o lugar na hierarquia do sistema nos
põe em sintonia com o fluir da vida e com o destino. Como ensina Bert
Hellinger: ``Somente quando estamos em sintonia com o nosso destino, com os
nossos pais, com a nossa origem e tomamos nosso lugar. Temos a Força."
Se for difícil fazer isso procure um constelador (a). Constele. A constelação vai mostrar o que resulta melhor para esta questão porque as constelações sistêmicas conseguem desvendar dinâmicas ocultas dos sistemas, os enigmas e o porquê dos destinos que estão sinalizando coisas no mapa de sua existência.
(*) Assistente Social; Numeróloga e Terapeuta de Constelação Sistêmica
Se for difícil fazer isso procure um constelador (a). Constele. A constelação vai mostrar o que resulta melhor para esta questão porque as constelações sistêmicas conseguem desvendar dinâmicas ocultas dos sistemas, os enigmas e o porquê dos destinos que estão sinalizando coisas no mapa de sua existência.
segunda-feira, 7 de março de 2016
CONSTELAÇÃO FAMILIAR SISTÊMICA E O "CAMPO"
Escrito por Ana
Lucia Braga
Nas constelações
familiares são abordados problemas pessoais de todas as ordens; problemas de
relacionamentos que afetam o casal, dificuldades entre irmãos, entre pais e
filhos... As constelações empresariais permitem uma visão clara e objetiva dos
emaranhados dentro de empresas, organizações, comércios, consultórios,
departamentos etc.
No campo
sistêmico é possível verificar as origens dos conflitos e experienciar novas
soluções, possibilitando uma melhor dinâmica de funcionamento para a empresa.
O campo do
cliente, nas Constelações, é configurado com o auxílio dos participantes do grupo
(ou com figuras), que se colocam como em um teatro, disponíveis para
representar os familiares ou elementos do sistema a ser trabalhado. O cliente
posiciona os escolhidos e passa a observar a movimentação que se segue.
A representação é
parte do fenômeno que ocorre neste tipo de trabalho, onde o terapeuta e os
participantes disponibilizam suas percepções para "ver" o que
acontece na dinâmica do sistema configurado. Este "ver" dá-se de
diversos modos: as pessoas têm sensações físicas como dores, calor, frio,
suores; sentimentos diversos como alegria, raiva, tristeza, desconfiança, entre
muitos outros. E há, na maioria das vezes, o reconhecimento pelo cliente do
comportamento, dos sentimentos, do modo como a pessoa representada é ou foi na
realidade, por vezes com a detecção de sintomas físicos, mesmo não tendo o
representante dado nenhuma informação sobre o que ocorre em seu sistema e sobre
as pessoas representadas. A este fenômeno chamamos ressonância mórfica. O
terapeuta, então, faz a sua leitura do que está física e espacialmente colocado
no campo da representação do sistema familiar do cliente e dá o direcionamento
que percebe adequado ou necessário, buscando não a expressão de sentimentos e
sim a ordem sistêmica, segundo as leis sistematizadas pelo terapeuta e filósofo
alemão Bert Hellinger, visando a reconciliação e o restabelecimento do fluxo
amoroso.
A percepção dos
representantes, utilizando a mente expandida, é a mesma que o terapeuta utiliza
dentro deste campo energético que se abre ao se configurar um sistema, seja ele
familiar ou empresarial. É a partir dele que se abre também a possibilidade de
movimentos e do restabelecimento da ordem e do equilíbrio, o que significa
possivelmente a eliminação do sofrimento da pessoa e também de outros elementos
do sistema, mesmo que esses elementos não estejam presentes no momento da
constelação, é o que tem sido observado em depoimentos de inúmeras pessoas que
constelaram. Este fenômeno ocorre em função dos “campos”, dos quais fazemos
parte.
O biólogo Rupert
Sheldrake propõe a idéia dos campos morfogenéticos, que nos auxilia na
compreensão de como os sistemas adotam suas formas e comportamentos
característicos, no caso das famílias, padrões de sofrimento que muitas vezes
se repetem geração após geração. “Os campos morfogenéticos são campos de forma;
campos padrões ou estruturas de ordem. São campos que levam informações, e são
utilizáveis através do espaço e do tempo sem perda alguma de intensidade depois
de terem sido criados. Eles são campos não físicos que exercem influência sobre
sistemas que apresentam algum tipo de organização inerente.” Estes campos
organizam não só os campos de organismos vivos mas também de cristais e
moléculas, instinto ou padrão de comportamento. (...). Estes campos são os que
ordenam a natureza. Há muitos tipos de campos porque há muitos tipos de coisas
e padrões dentro da natureza...", afirma Sheldrake.
Isso também
significa que em cada nível, o total de energia é mais que a soma das partes, o
que ainda necessita de muitos estudos a serem realizados pela ciência.Por este
motivo – a existência dos campos morfogenéticos – é que, nas Constelações
Familiares, podemos conceber as repetições de padrões de sofrimento, pois o
modo como foram organizados no passado influencia taxativamente o modo como as
pessoas, no seio da família, funcionam hoje.
Há uma espécie de
memória integrada nos campos mórficos. E os fatos, os eventos ocorridos na
família, por exemplo, podem tornar-se regularidades, “hábitos”. Na intervenção
Sistêmica Fenomenológica de Constelações, há a possibilidade de uma interação
inteligente, do acesso em outros níveis energéticos, da consciência e da
mudança no sistema, pois o campo mórfico é uma estrutura alterável, a partir do
que Sheldrake chama de ressonância mórfica e, neste sentido, não apenas o
cliente que constela beneficia-se, mas todo o sistema pode beneficiar-se das
Constelações Sistêmicas.
Informações sobre
o trabalho de Ana Lucia Braga:
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