quinta-feira, 5 de outubro de 2017

AS HERANÇAS DO DNA...

Por Denize Terezinha Teis – Contribuição de Gilberto Heck – Constelador  Sistêmico.
O nascimento de uma criança sempre vem acompanhado de muitas expectativas por parte dos pais e de sua família. Não raramente presenciamos e também participamos de ocasiões em que os pais, familiares e amigos, em volta do bebê, empenham-se para constatar “com quem é que ela/ele, afinal, se parece”. Isso é tão corriqueiro que demonstra que ninguém duvida que as características físicas são herdadas.
É visível também a alegria do antepassado quando reconhece, na criança, a sua boca, a sua orelha, os seus olhos, os dedos do pé... mas o DNA está a serviço de algo muito maior do que apenas a transferência de traços físicos facilmente notados.
Pesquisas científicas recentes têm demonstrado, por exemplo, que os eventos traumáticos ficam registrados no DNA de animais e pessoas. Uma equipe de cientistas da Emory University School of Medicine, em Atlanta, constatou que os descendentes de ratos estimulados a sentirem “medo do cheiro da flor de cerejeira” carregavam consigo o mesmo trauma dos pais embora nunca antes tivessem sido submetidos a essa experiência. Como assinala o cientista responsável pelo experimento, os resultados “permitem perceber o modo de como as experiências de um pai, mesmo antes de conceber filhos, pode influenciar significativamente na estrutura e função no sistema nervoso das gerações subsequentes”.
Essa conclusão também pode ser confirmada com a pesquisa genética liderada pela cientista Rachel Yehuda no hospital Mount Sinai, de Nova York com 32 homens e mulheres que foram prisioneiros nos campos de concentração nazistas ou que tiveram que se esconder durante a Segunda Guerra mundial, sofrendo, com isso, traumas de diferentes ordens. Os pesquisadores também analisaram os genes dos filhos desses participantes e identificaram uma propensão maior a distúrbios de estresse se comparados aos genes das famílias judias que viviam fora da Europa durante a guerra, o que permitiu a constatação de que “as mudanças nos genes dos filhos só podem ser atribuídas à exposição de seus pais ao Holocausto”, conforme destaca Yehuda.
Esses resultados não causam surpresa para as pessoas que conhecem ou têm contato com as constelações familiares sistêmicas. A experiência de participar de grupos ou sessões de constelação já é suficiente para conceber o que os cientistas precisaram constatar a partir de todo um investimento de tempo e recursos humanos e materiais. No entanto, essa descoberta científica coloca sob  holofotes, mesmo sem ter a intenção, o trabalho da terapia sistêmica familiar que contribui, grandemente, para o entendimento da causa de traumas ou de outras questões que impedem que a energia da vida flua em um sistema familiar. Ao focalizar o ponto, o lugar em que a energia ficou obstruída no sistema familiar, a constelação permite o restabelecimento do equilíbrio e do bem-estar pessoal.
A confirmação da ciência àquilo que “a alma já sabe” contribuirá, sem dúvidas, para muitos debates frutíferos e necessários. Aliás, é o mínimo que uma descoberta como essa nos demanda... Há algum tempo li a frase “a ciência nos liberta”. Por inúmeras razões, não tenho dúvidas quanto a isso, mas ela não o faz gratuitamente. A lei do equilíbrio entre o dar e o receber está presente em todos os espaços de relacionamento humano, inclusive na ciência. Essa, ao nos dar algo grandioso, espera uma contrapartida grandiosa... A maior delas seja, provavelmente, a realização de ações de zelo e cuidado dos seres humanos entre si, principalmente em relação às crianças que como resultado de uma convivência caracterizada pelo amor e pelo respeito podem vir a desenvolver registros positivos em seu DNA e transferi-los para as futuras gerações. Sem dúvidas, “o DNA está a serviço de algo muito maior”... maior do que a transferência de características físicas ou de traumas... está a serviço de Deus que, também, nas mais delicadas de suas criações, nos indica o caminho do amor...

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