Por Denize Terezinha Teis –
Contribuição de Gilberto Heck – Constelador Sistêmico.
O nascimento de uma criança sempre vem acompanhado de muitas
expectativas por parte dos pais e de sua família. Não raramente presenciamos e
também participamos de ocasiões em que os pais, familiares e amigos, em volta
do bebê, empenham-se para constatar “com quem é que ela/ele, afinal, se
parece”. Isso é tão corriqueiro que demonstra que ninguém duvida que as
características físicas são herdadas.
É visível também a alegria do antepassado quando reconhece, na
criança, a sua boca, a sua orelha, os seus olhos, os dedos do pé... mas o DNA
está a serviço de algo muito maior do que apenas a transferência de
traços físicos facilmente notados.
Pesquisas científicas recentes têm demonstrado, por exemplo, que os
eventos traumáticos ficam registrados no DNA de animais e pessoas. Uma equipe
de cientistas da Emory University School of Medicine, em Atlanta, constatou que
os descendentes de ratos estimulados a sentirem “medo do cheiro da flor de
cerejeira” carregavam consigo o mesmo trauma dos pais embora nunca antes
tivessem sido submetidos a essa experiência. Como assinala o cientista
responsável pelo experimento, os resultados “permitem perceber o modo de como
as experiências de um pai, mesmo antes de conceber filhos, pode influenciar
significativamente na estrutura e função no sistema nervoso das gerações
subsequentes”.
Essa conclusão também pode ser confirmada com a pesquisa genética
liderada pela cientista Rachel Yehuda no hospital Mount Sinai, de Nova York com
32 homens e mulheres que foram prisioneiros nos campos de concentração nazistas
ou que tiveram que se esconder durante a Segunda Guerra mundial, sofrendo, com
isso, traumas de diferentes ordens. Os pesquisadores também analisaram os genes
dos filhos desses participantes e identificaram uma propensão maior a
distúrbios de estresse se comparados aos genes das famílias judias que viviam
fora da Europa durante a guerra, o que permitiu a constatação de que “as
mudanças nos genes dos filhos só podem ser atribuídas à exposição de seus pais
ao Holocausto”, conforme destaca Yehuda.
Esses resultados não causam surpresa para as pessoas que conhecem
ou têm contato com as constelações familiares sistêmicas. A experiência de
participar de grupos ou sessões de constelação já é suficiente para conceber o
que os cientistas precisaram constatar a partir de todo um investimento de
tempo e recursos humanos e materiais. No entanto, essa descoberta científica
coloca sob holofotes, mesmo sem ter a
intenção, o trabalho da terapia sistêmica familiar que contribui, grandemente,
para o entendimento da causa de traumas ou de outras questões que impedem que a
energia da vida flua em um sistema familiar. Ao focalizar o ponto, o lugar em
que a energia ficou obstruída no sistema familiar, a constelação permite o
restabelecimento do equilíbrio e do bem-estar pessoal.
A confirmação da ciência àquilo que “a alma já sabe”
contribuirá, sem dúvidas, para muitos debates frutíferos e necessários. Aliás,
é o mínimo que uma descoberta como essa nos demanda... Há algum tempo li a
frase “a ciência nos liberta”. Por inúmeras razões, não tenho dúvidas quanto a
isso, mas ela não o faz gratuitamente. A lei do equilíbrio entre o dar e o
receber está presente em todos os espaços de relacionamento humano, inclusive
na ciência. Essa, ao nos dar algo grandioso, espera uma contrapartida
grandiosa... A maior delas seja, provavelmente, a realização de ações de zelo e
cuidado dos seres humanos entre si, principalmente em relação às crianças que
como resultado de uma convivência caracterizada pelo amor e pelo respeito podem
vir a desenvolver registros positivos em seu DNA e transferi-los para as
futuras gerações. Sem dúvidas, “o DNA está a serviço de algo muito maior”...
maior do que a transferência de características físicas ou de traumas... está a
serviço de Deus que, também, nas mais delicadas de suas criações, nos indica o
caminho do amor...
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