AJUDAR OS
FILHOS
Matéria
publicada por: Brigitte Champetier de Ribes / Brasil -
Instituto de Constelações Familiares
(*)Brigitte
Champetier
Um trauma infantil muito frequente é o movimento interrompido
precocemente em direção à mãe ou ao pai, na maioria das vezes para a mãe.
Quando o filho não pode alcançar o objetivo para aquele a quem se volta seu
amor, sente-se triste, se irrita e, às vezes, se desespera. Esta irritação,
este desespero, esta tristeza, nada mais são do que a outra face do amor, um
amor que não chega a cumprir seu propósito.
Quando, na vida adulta, estes filhos tentam ir para outra
pessoa, seu corpo se lembra desta interrupção e o movimento para o outro se
interrompe de novo. Não podem caminhar com seu amor e, muitas vezes, voltam
sobre seus passos. Cada vez que chegam ao estado em que sentem de novo as
sensações dolorosas de sua infância, param. Em vez de ir para o outro, dão a
volta e se desviam iniciando um movimento circular, afastando-se desta pessoa e
aproximando-se ainda mais do estágio de interrupção de outrora.
Este mesmo esquema irá se repetir na relação seguinte com
outra pessoa, começando novamente um movimento interrompido no mesmo estágio. A
este movimento circular que nunca chega
a seu objetivo, se chama neurose. É como um círculo vicioso que se
aproxima cada vez mais do mesmo cenário da infância, do momento em que o
movimento para um dos pais foi interrompido.
Através dos Pais
A mãe é a mais apta para completar um movimento de amor
interrompido precocemente, porque, em regra geral, esse movimento interrompido
do filho se dirige a ela. Quando o filho é ainda pequeno, é fácil para a mãe:
pega o filho em seus braços, o abraça com amor e o mantém assim o tempo
necessário para que o amor que, por causa da interrupção, se transformou em
raiva e tristeza, possa dirigir-se, de novo, abertamente para ela com toda sua
força, e para que a criança possa se acalmar em seus braços.
A mãe pode ajudar, também, retrospectivamente, seu filho já
adulto a concluir o movimento interrompido e anular as consequências de tal
interrupção, estreitando-o em seus braços. Mas para que isso aconteça, o ato
deve situar-se na época em que houve a interrupção. O movimento interrompido deve
ser retomado neste estágio e ir em direção ao seu objetivo.
Porque é a criança de outrora que busca a proximidade com a
mãe de antigamente e, mesmo agora, continua buscando essa mãe. Por isso,
enquanto a mãe abraça seu filho já adulto, a criança dever sentir como aquela
de antes, e a mãe como aquela de antes. Resta uma pergunta: como fazer para que
estes dois seres, separados faz tanto tempo, se juntem de novo?
Vejamos um exemplo: uma mãe se preocupava com sua filha já
adulta. Mas a filha evitava o contato com sua mãe e ia raras vezes à sua casa.
Eu disse à mãe que ela tinha que segurar sua filha mais uma vez em seus braços,
como uma mãe faz com seu filho quando ele está triste, mas que era importante
que não fosse ela a iniciar algo, mas simplesmente que deixasse agir esta
imagem em sua alma, até que o contato acontecesse naturalmente.
Mais tarde, ela me contou que sua filha tinha ido à sua casa.
Sem dizer nada, ela havia se aconchegado à sua mãe, que a abraçou durante muito
tempo. Depois, a filha se levantou e foi embora. Nem ela e nem sua mãe
pronunciaram uma só palavra.
Através de
Representantes para os Pais
Quando a mãe ou o pai não estiver disponível, outras pessoas
podem representá-los. Para uma criança ainda pequena podem ser parentes
próximos ou um professor; para um filho que já é adulto, pode fazê-lo um
terapeuta com experiência. Mas tem que esperar o momento adequado. O terapeuta,
ou a pessoa que vai ajudar, se conecta interiormente com a mãe ou o pai. Em
seguida, passa a representá-los, como se eles tivessem pedido. Dessa forma pode
amar o filho e guiar o amor do mesmo – que aparentemente se dirige a ele(a) –
para seus pais. E no momento em que o filho entra em contato com seus pais com
amor, o terapeuta se retira. Assim, apesar desse contato íntimo, se afasta e se
libera interiormente.
A Reverência
Às vezes, o filho já adulto interrompe seu movimento para os
pais porque os despreza ou os reprova, pois tem a impressão de ser melhor ou de
querer ser melhor, ou porque espera deles mais do que podem dar.
Nestes casos, o movimento deve ser precedido por uma
reverência. Esta reverência corresponde, em primeiro lugar, a uma evolução
interior. Mas dá mais força se é visível e audível. Isso pode ser feito num
grupo de apoio no qual “o filho” posiciona a sua família de origem, se inclina
perante os representantes dos seus pais até tocar o chão, com as palmas das
mãos para cima, e permanece nesta posição até o momento em que é capaz de dizer
a um deles ou aos dois: “Eu honro vocês”. Às vezes acrescenta: “Sinto muito”,
“Eu não sabia”, “Senti muita falta de vocês” ou, simplesmente, “Por favor”.
Somente nesse momento a pessoa pode se levantar, se aproximar
dos seus pais com amor, abraçá-los com ternura e dizer a eles: “Querida mamãe”,
“Querido papai” ou, simplesmente, “Mamãe”, “Papai”, ou chamá-los pelo nome que
usava quando era criança.
É importante que os representantes dos pais não falem durante
todo o processo e, sobretudo, que não caminhem em direção ao filho, mas, sim,
que aceitem a reverência no lugar dos pais, até que tenha sido suficientemente
expressado o respeito e tenha desaparecido aquilo que os separava. Eles só
podem abraçar a “criança” quando esta tenha acabado seu processo.
Se, em uma constelação familiar, não se pode pedir à pessoa
interessada que faça a reverência e siga o movimento, o representante pode
fazê-lo em seu lugar, dizendo e fazendo o apropriado nesse momento. Às vezes,
inclusive, isso é mais eficaz do que se interviesse a pessoa interessada.
O MOVIMENTO MAIS ALÉM
DOS PAIS
O movimento para os pais e a reverência dão seus frutos que se
vão mais além deles. Então, nos sentimos em profunda harmonia com nossas
origens e podemos assentir (dizer sim) a todas as consequências que resultam
delas. Deste modo, a reverência se converte em um símbolo para realizar nosso
destino.
Aquele que “conseguiu expressar” assim sua reverência e
concluir totalmente seu movimento pode, inclusive como criança, ficar de pé com
toda dignidade junto a seus pais, no mesmo nível – nem abaixo, nem acima.
Bert Hellinger
(*) -Brigitte Champetier de Ribes - Licenciada em Psicologia,
especialidade Psicologia Clínica M17940-Directora do Instituto de Constelações
Familiares Madrid. Formação em Constelações Familiares. Estará em São Paulo –SP
em Dezembro: 1 a 3 de dezembro Workshop sobre O dinheiro, a abundância em São
Paulo/SP, a partir do dia 04 de dezembro
em Atibaia SP Formação em Constelações Familiares
Muito bom! Retomar o movimento do amor que foi interrompido e poder seguir sem medo na vida.
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