de Bert Hellinger- Contribuição de Gilberto Heck (*)
“Quando os filhos não podem ser criados por seus próprios
pais, a melhor alternativa serão provavelmente os avós. Estes, em geral, se
aproximam mais das crianças. Se conseguem atraí-las, quase sempre cuidam muito
bem delas – e a devolução aos pais é bem mais fácil. Não havendo avós vivos, ou
caso eles não possam assumir o encargo, a próxima escolha é usualmente uma tia
ou um tio. A adoção é o último recurso, e só deve ser cogitada quando ninguém
da família está disponível.
Segundo minha experiência com famílias, o fator crucial são
as intenções dos pais adotivos. Se realmente agirem no melhor interesse da
criança, a adoção terá boa possibilidade de sucesso. Contudo, pais adotivos
rearamente consideram o interesse da criança, e sim o seu próprio: não podem
ter filhos e se rebelam contra as limitações que a natureza lhes impôs.
Implicitamente, pedem à criança que os proteja de seu desapontamento. Quando é
esse o caso, o fluxo básico do dar e receber, bem como a ordem dos relacionamentos,
desarranja-se logo de começo; os pais sofrerão as conseqüências de seus atos ou
sofrerão os filhos.
Quando os parceiros adotam uma criança movidos por suas
próprias necessidades e não pelo bem-estar dessa criança, efetivamente a tomam
dos pais naturais para beneficiar-se. É o equivalente sistêmico do roubo de
crianças; por isso traz conseqüências muito negativas ao sistema familiar. Na
verdade, não importam os motivos que levam os pais naturais a enjeitar um bebê;
os pais adotivos costumam pagar o mesmo preço. Sucede com freqüência que casais
se divorciem depois de adotar uma criança por motivos impróprios. Sacrificar o
parceiro é a compensação por privar os pais naturais de seu filho. Em famílias
com quem trabalhei, as conseqüências de adotar filhos por razões impróprias
incluíam divórcio, doença, aborto e morte. Em sua forma mais destrutiva, essa
dinâmica exprimiu-se pela e37717376_54d15f0d8a_onfermidade ou suicídio de um
filho natural do casal.
Também não é incomum que filhos adotivos detestem seus novos
pais e desprezem o que recebem deles. Nessas famílias, sucede muitas vezes que
os pais adotivos se sintam secretamente superiores aos pais biológicos; o
filho, talvez inconscientemente, demonstra solidariedade para com os pais
naturais.
Às vezes, os pais naturais entregam os filhos para adoção sem
necessidade. Então os filhos sentem um legítimo ressentimento contra eles, mas
os pais adotivos é que passam a ser o alvo desse ressentimento. E as coisas
pioram quando os pais adotivos assumem o lugar dos pais naturais. Se os pais
adotivos têm consciência de que agem em substituição aos pais verdadeiros, os
sentimentos negativos se concentram nestes e os adotivos ganham o
reconhecimento que merecem. Trata-se de um grande alívio tanto para os pais
quanto para os filhos adotivos.
Quando os pais adotivos ou de criação agem no interesse da
criança, eles têm consciência de que são meros substitutos ou representantes
dos pais biológicos, a quem ajudam a realizar o que não estava a seu alcance.
Eles desempenham um papel importante, mas na qualidade de pais adotivos vêm
depois dos pais biológicos, não importa o que estes sejam ou tenham feito. Se
essa ordem for respeitada, os filhos podem aceitar e respeitar os pais
adotivos.”
Bert Hellinger, A
Simetria Oculta do Amor, Ed. Cultrix, pg. 121
(*)-Gilberto Heck
é Enfermeiro, Hipnólogo e Terapeuta
Sistêmico. Hipnose clínica Ericssoniana. Facilitador de Constelação Familiar Sistêmica.
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