sexta-feira, 29 de setembro de 2017

OS CICLOS DO AMOR -Bert Helinguer


SEGUNDO CÍRCULO DO AMOR – INFÂNCIA E PUBERDADE
Nós recebemos muito de nossos pais e jamais seremos capazes de retribuir à altura tudo o que nos deram, porque como poderíamos retribuir a vida que recebemos através deles, e todos os anos de cuidado e dedicação a nós.
Você já deve ter reparado como as pessoas têm uma necessidade inconsciente de querer compensar os outros. Por exemplo, quando recebemos um presente inesperado, sentimos necessidade de dar algo àquela pessoa em troca.Imagine, então, o tamanho de nossa necessidade de retribuirmos a nossos pais.Como os pais dão muito, logo nos filhos cresce um enorme desejo inconsciente de retribuir, e isso gera uma grande pressão.É essa pressão, por exemplo, que normalmente gera a necessidade do jovem de sair de casa e ganhar a própria vida, especialmente no caso dos homens.
Se não podemos simplesmente devolver o muito que recebemos de nossos pais a eles, o que fazer, então?
Aqui surge a necessidade de servir aos outros, porque percebemos que o muito que nossos pais nos deram pode ser colocado a serviço das outras pessoas, através de nosso trabalho.
Assim, trabalhando, e transbordando tudo aquilo o que recebemos de nossos pais, nos sentimos dignos de receber ainda mais amor deles, pois então a pressão se transforma em serviço.Aprendemos a servir com nossas mães, porque foram elas, que em primeira instância se dedicaram a nós, cuidando para que nada nos faltasse e que sempre tivéssemos aquilo que estávamos precisando.Por isso o sucesso tem a face da mãe, porque só aquele(a) que tomou plenamente sua Mãe, pode servir através de seu trabalho, com alegria e entrega.
Pelo serviço nos conectamos a nossa Mãe.
O pai é aquele que nos conecta com a terra e com tudo o que é necessário para manter a vida. Com o pai aprendemos que o trabalho serve a um propósito e que não há propósito maior que a família. Com o pai, nos concentramos mais em fazer do que em sonhar e nos alegramos com aquilo que realizamos.
Pelo trabalho nos conectamos a nosso Pai.
Trabalho e realização.
Por isso trabalhar é tão importante para nós, porque é a forma como compensamos nossos pais por tudo o que fizeram, e assim nos abrimos a receber ainda mais amor e bençãos.
Ao contrário, quando não gostamos de nosso trabalho ou não queremos trabalhar, muitas vezes tentamos compensar nossos pais de outras formas, por exemplo, querendo carregar alguma dor ou culpa por eles, ou querendo cuidar deles como se fossem nossos filhos.
Nosso trabalho atual é sempre o certo para nós, porque ele nos confronta com tudo aquilo que queremos evitar em nossas família.Ou você acha que seu chefe age de determinada maneira com você sem motivo? Ou que seus colegas o tratam de determinado modo sem nenhuma razão?
Muitas vezes as situações que encontramos em nossos trabalhos são reflexos de nossa postura interna diante da vida, e essa postura por sua vez é reflexo da maneira como estamos em relação Primeiro Círculo do Amor, ou seja, preenchidos por nossos pais ou vazios deles.
O Segundo Círculo do Amor é a infância. Tudo o que os pais me deram, os cuidados que tiveram por mim, dia e noite, perguntando-se: “De que a criança está precisando?”, tudo isso eu recebo deles com amor. Pois é incrível quanto de bom os pais dão a seus filhos. Os pais sabem o que lhes custou e o que significa para eles. Eu reconheço isso. Tudo o que aconteceu em minha infância eu concordo com isso agora – inclusive que meus pais não tenham visto alguma coisa, que tenham cometido erros ou que algo de insano tenha acontecido. Tudo isso faz parte. Na medida em que me defronto com esse monte de desafios e também com o sofrimento, a dor e a necessidade de me afirmar, na medida em que aceito e assumo isso, eu cresço. A criança procura evitar, às vezes, tomar e agradecer, tornando-se ela própria uma doadora. Porém, muitas vezes, ela dá algo errado ou dá em excesso: por exemplo, quando pretende assumir por seus pais algo que não lhe compete como criança. A criança tem, às vezes, dificuldade em tomar, porque o que vem dos pais é tão grande que a criança não pode retribuir na mesma medida. Então prefere tomar menos, para que não tenha de retribuir tanto. Bert Hellinger
Aqui fica mais uma dica: Se você quer realmente retribuir a seus pais pelo muito que eles lhe deram, faça algo de bom com seu trabalho.
Sirva aos outros em honra a sua mãe e use seu trabalho para gerar mais vida em honra a seu pai.
Uma vez que você tenha concluído o Segundo Círculo do Amor, e aprendido a realização de ser capaz de transbordar o muito que recebeu de seus pais no serviço aos outros, é hora de avançar…

TERCEIRO CÍRCULO DO AMOR: DAR E TOMAR
Em nossa jornada rumo à realização, depois de passarmos pela concepção e pelas primeiras fases de nosso desenvolvimento é hora de nos tornarmos adultos, pois somente um adulto é capaz de dar esse passo.
Aqui, percebemos que nos falta algo para sermos completos e passamos a procurar por um parceiro(a), então, nos rendemos à força da própria vida e tem início um relacionamento.Somente quem está preenchido de seus pais, entra em um relacionamento como adulto, pois então ele(a) não precisa exigir que o outro atenda suas expectativas ou preencha seus vazios. A pessoa já entra em um relacionamento inteira e procura o outro para se tornar completa.
Completude e realização
O homem tem algo que falta à mulher e a mulher tem algo que falta ao homem, e assim, juntos eles se completam.
Aqui, o mais importante não é o quanto cada um dá ao parceiro, e sim o quanto cada um toma para si daquilo que o parceiro lhe oferece. O equilíbrio é importante justamente no tomar, porque é necessário que ambos tomem do outro na mesma medida.
Sobre o tomar
Tomar é ato difícil, pois para tomar precisamos antes admitir que precisamos do outro, e temos sobretudo que reconhecer o valor daquilo que tomamos.
Em outras palavras, sempre que tomamos do outro algo que precisamos, devemos reconhecer o valor disso e sermos gratos ao parceiro.
Então, o dar fica mais fácil, pois será apenas a consequência do tomar.
Um relacionamento de casal nos coloca diante dos maiores desafios, porque assim como no trabalho, só que em uma intensidade e frequência desproporcionalmente maior, somos colocados diante de tudo aquilo que tentamos evitar.Tudo em nós que não foi incluído ou assimilado será constantemente trazido a nós por meio do parceiro. Por isso nossos parceiros são sempre os certos para nós.
O que mais contribuí para a permanência do relacionamento
A atração aproxima um casal, e o amor os une, porém é o equilíbrio entre o dar e o tomar que mantém um relacionamento.
Por isso, somente adultos podem ter relacionamentos duradouros e plenos, porque um relacionamento exige que eu dê e tome em equilíbrio com aquilo que meu parceiro dá e toma de mim.
Isto mostra que tomar é uma arte elevada. Trata-se de tomar valorizando o que se toma. Essa é a arte. Tudo tem algum valor. Quando alguém me dá alguma coisa, ele me deseja algo de bom. Eu o tomo assim, porque me é dado por ele. Nesse momento tudo o que ele dá se torna valioso. Aquilo se transforma e, de repente, percebo: “Ah, isso também tem para mim algo de belo.” É nisso que consiste o tomar. Como pessoas adultas, devemos dar sem esperar receber do outro algo que ele não pode nos dar. Essa atitude nos dá força para nos tornarmos pais ou mães. Nela, o tomar se completa e com essa a transmissão, o intercâmbio entre as gerações. Este é o Terceiro Círculo. Quando ambos, o homem e a mulher, tomaram totalmente seus pais e se tornaram um casal, deixam fluir aquilo que veio de seus pais. Então se dão reciprocamente, a partir dessa plenitude, mas a experiência mostra que isso nem sempre se consegue. Bert Hellinger
Para haver equilíbrio é preciso que haja troca e também troco, ou seja, temos que dar e tomar nas coisas boas e também nas coisas ruins.
Se um dos lados sempre toma aquilo que é ruim, sem nunca pedir nada em troca, o relacionamento tende a acabar. Aquele que sempre perdoa se coloca acima daquele que é perdoado, muito acima; e um relacionamento só pode permanecer se ocorrer entre dois iguais. Assim não há outra alternativa para aquele que está abaixo a não ser partir, porque ele nunca estará a altura de seu parceiro. Nunca se sentirá realmente digno a seu lado. Geralmente ao partir aquele que foi perdoado não raras vezes diz: “Você é bom(boa) demais para mim. Não consigo permanecer a seu lado.”
Às vezes nosso parceiro nos dá algo que não gostamos, algo que não é bom, e por amor a ele tomamos o que nos foi dado, e então devolvemos a ele, também de uma maneira que ele não gosta, porém sempre com menos peso. Assim o equilíbrio pode ser mantido.
Por amor, tomamos o que é ruim e devolvemos de modo um pouco menor, porque assim nos mantemos como iguais.Preenchidos de nossos pais podemos primeiro a servir e depois a dar e tomar em um relacionamento.
Será que os relacionamento são realmente necessários para alcançarmos a realização?
No seminário de Bert e Sophie Hellinger: “Como a Constelação Familiar traz paz à família”, que ocorreu em São Paulo, dos dias 08 a 10 de abril desse ano (2016).
No último dia, Bert Hellinger pediu permissão para falar sobre o tema que ele considera o mais importante entre todos os temas: o relacionamento de casal.
Ele disse que considera o relacionamento de casal o mais importante dos temas, por que são os casais que levam a vida para frente através dos filhos, e nada é mais importante do que a vida.No entanto, o caminho do homem comum que alcança a realização, sucesso e plenitude, de forma simples e humilde, passa pelos relacionamentos.
Aqui nos rendemos à força da própria vida e fazemos o que é preciso, e demonstramos gratidão a nossos pais, fazendo exatamente como eles e nos abrindo para a possibilidade de levar a vida que nos deram para frente, ou seja, permitindo que aquilo deles que está vivo em nós, possa continuar a viver em nossos filhos.
Plenos de nossos pais, nós podemos servir aos outros com alegria e encontrarmos realização em nossos relacionamentos; com isso podemos perceber que encontrar seu lugar na vida ou no mundo, começa por encontrar primeiro o seu lugar na família. Com nossos pais somos mais e podemos mais.
Muitos podem estar pensando que o relacionamento de casal não deve ser pré-requisito para a realização pessoal, porém o que Bert Hellinger nos mostrou foi que em um relacionamento entre homens e mulheres, cada um oferece algo que o outro necessita.
Assim, o homem oferece proteção e suporte para sua mulher, que assim tem aquilo que precisa para fazer mais, e em troca a mulher dá ao homem a força e o propósito para ir além do que achava que conseguiria.
Um relacionamento de casal entre pessoas preenchidas por seus pais é fonte de força e apoio mútuos, e assim, juntos, os dois conseguem fazer mais e ir mais longe.
QUARTO CÍRCULO DO AMOR: TOMAR TODA A FAMÍLIA E/OU OS FILHOS
Esse círculo representa a aceitação plena de todo o sistema familiar, o que inclui todas as pessoas com as quais temos vínculo.
Então, quem pertence a nosso sistema familiar?
De acordo com as percepções de Bert Hellinger, as pessoas que pertencem a nosso campo familiar e que por isso podem influenciar todos os demais integrantes são:
Os avós e em alguns casos bisavós ou outros ancestrais quando esses tiveram destinos pesados;
Os pais e ex-parceiros dos pais (quando houve algum relacionamento importante);
Os tios; Os irmãos; O(A) parceiro(a); Os filhos; Os sobrinhos; Os netos.
Não raras vezes, as famílias excluem um de seus membros (seja por condená-lo ou julgá-lo indigno, seja por esquecimento, seja por medo do destino daquela pessoa), e assim, para permanecer completa a família precisa que de alguma forma o excluído esteja presente, e isso na maioria das vezes se dá com um dos membros dessa família se sentindo compelido a representar o excluído no sistema.
Normalmente, quem representa alguém que ainda está excluído do sistema é um pequeno que veio depois, o que em alguns casos significa os filhos.
Por isso, aqui também, a vida nos impõe um grande desafio, porque muito daquilo que condenamos ou julgamos, muito do que queremos esquecer, está presente nos filhos, e assim acabamos tendo que aprender a amar em nossos filhos aquilo que excluímos.
É nesse Círculo do Amor que incluímos e concordamos com toda nossa família, seja por meio da percepção de que todos os membros de nosso sistema têm o mesmo direito de pertencer e ser amados, seja por meio dos filhos.
Os filhos
Ter filhos é um ato de total entrega à força da vida, é ser totalmente tomado a serviço de algo maior em prol de algo maior.
Não é a toa que Bert Hellinger diz que o maior sucesso que uma pessoa pode ter é justamente o de dar a vida a um filho.
Para os filhos, podemos fazer tudo o que é necessário sem a preocupação de mantermos o equílibrio, e assim também estaremos retribuindo o muito que nossos pais nos deram.
Você já reparou como os avós ficam felizes quando vêm que seus netos estão recebendo de volta aquilo que deram com tanto amor a seus filhos?
Através dos filhos, muitas vezes aprendemos a amar aquilo que condenávamos em nossos pais ou ancestrais, e aprendemos a incluir tudo aquilo que queríamos evitar.
Quando estamos preenchidos de nossos pais e em equilíbrio com nossos parceiros, deixamos nossos filhos livres para viverem seus próprios destinos, sem que os mesmos sintam necessidade de retribuir querendo fazer algo por nós.
O Quarto Círculo ultrapassa os limites da consciência. Nele eu concordo com todas as pessoas da minha família como elas são, inclusive os excluídos e os difamados. Aqui se trata da plenitude interna, isto é, todos os que pertencem à minha família ganham um lugar em minha alma, inclusive os que foram rejeitados, desprezados e esquecidos. Sem eles eu me sentiria incompleto, no corpo e na alma. Somente quando os incluo em minha alma e em meu amor é que me sinto pleno e inteiro. Bert Hellinger

QUINTO CÍRCULO DO AMOR: SERVIÇO PARA A HUMANIDADE
Você já deve ter ouvido a famosa frase de Bill Gates:
“Antes de tentar arrumar o mundo, tente arrumar o seu próprio quarto.”
Aqui ela cai como uma luva, porque muitas vezes tentamos defender grandes causas, realizar grandes feitos e/ou transformar todo o mundo, porém não nos damos ao trabalho de arrumar nosso quarto.
Encontrar seu lugar na vida e no mundo, passa por encontrar primeiro seu lugar em casa, ou seja, na família; do contrário ainda que você se esforce muito e empenhe o seu melhor, os resultados na maioria das vezes serão muito aquém do que os esperados.
Nosso sucesso e realização plenos passa necessariamente por nossos pais, pelo serviço aos outros, pelo relacionamento e pela inclusão de toda nossa família (e em muitos casos pelos filhos), porque em cada etapa é necessário desenvolver posturas e recursos que nos serão extremamente úteis no Quinto Círculo do Amor.
“O mesmo movimento em que incluo em meu amor o que até agora foi excluído ou temido, eu estendo, em seguida, a todos os outros seres humanos. Este é o Quinto Círculo do Amor. O Quinto Círculo do Amor se dirige à humanidade, ao mundo, como tal. Aqui se trata de concordar com o mundo como ele é. Isto diz respeito à capacidade de reconciliação entre os povos, por exemplo. Este é o amor universal, que sabe que somos movidos por poderes superiores. Para mim, todos os seres humanos são bons. Cada um é apenas da maneira como pode ser. Ninguém pode ser diferente do que é, em sua situação. Por isso, trato a todos com o mesmo respeito. Essa atitude, esse modo de proceder é uma realização da própria alma. Ninguém pode dispensar o outro dessa realização. Muitos que buscam ajuda querem tê-la sem realização pessoal, mas quando sentem quanta alegria essa realização lhes proporciona, essa compreensão lhes abre novas possibilidades de se moverem na vida. Isso sempre passa por uma compreensão. A emoção do amor tem pouca compreensão. Quando fico estacionado nessa emoção, pouca coisa acontece, fico amarrado. No Quarto e no Quinto círculos do amor ultrapasso essa estreiteza e atinjo um nível espiritual.” Bert Hellinger
Círculos do Amor como um caminho e não como o caminho.
Esse é o caminho do homem comum, que descobre o valor das pequenas felicidades e que se concentra em fazer primeiro aquilo que é preciso, e depois se contenta em fazer aquilo que é possível.
Porém à medida que faz o que é possível acaba percebendo que mais possibilidades se abrem em sua vida, e assim, de passo em passo, fazendo apenas o que é possível vive plenamente sua vida, e a leva para frente.
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