Imagem de ALEX GREY artista americano dedicado a temas espirituais |
Jakob Robert Schneider |
Texto de Jakob Robert Schneider (*)
As constelações familiares se
referem de uma nova maneira àquilo que chamamos de "alma". Podemos
denominar assim a força invisível que animando (ou pelo menos no mundo animado;
congrega partes num todo de uma tal maneira que o todo é mais do que a soma das
partes e de suas funções dentro dele. A alma não se identifica com nossa
consciência, pois inclui o inconsciente. E não se identifica com os processos
fisiológicos e físicos em nosso corpo e em nosso cérebro, embora esteja
inseparavelmente unida a eles. Não se identifica tampouco com nossos
sentimentos, embora o sentir seja o modo de expressão por onde se experimenta a
alma.
Ela é antes como o espaço ou o
campo que une, ultrapassando espaço e tempo, tudo o que constitui uma pessoa,
criando uma identidade. A abordagem típica da ciência natural atual, que busca
o que "não difere", a saber, as partes e partículas e suas mútuas
conexões, exclui por seu próprio método a possibilidade de descobrir uma alma.
Porém nossa experiência quotidiana se dirige ao que é "mais do que".
Não há conversa, nem arte, nem política, nem vida de relacionamento sem
participação da alma. Como a experiência psíquica não pode ser reduzida ao que
material e quantificável, a língua desenvolveu "palavras da alma" como
liberdade, paciência, espírito, coragem, amor, etc. O que entendemos por
"amor" não pode ser adequadamente entendido a partir de genes ou de
funções do cérebro.
Sabemos que para falar dos
domínios da alma dependemos de imagens, metáforas, imprecisões, vivências,
experiências, intuições perceptivas, bem como da função anímica da avaliação
sensitiva e de coisas semelhantes. Por mais que as ciências da natureza nos
ajudem com seus conhecimentos e nos obriguem, por exemplo, a repensar nossa
liberdade de decisão, a ocupação com a alma, que ultrapassa o âmbito da
experiência da vida, pertence mais às ciências do espírito ou à psicologia como
ciência do espírito. O trabalho com as constelações familiares se apresenta no
concerto da teoria e da prática psicológica modernas de um modo amplo e
desafiador, descortinando a alma redescoberta e suas leis.
Da mesma forma como em nossa alma
pessoal somos maiores do que aquilo que percebemos conscientemente em nós,
assim também em todos os níveis de relações estamos envolvidos em contextos maiores,
formados, em termos anímicos, por "espaços" ou "campos"
(tomados como metáforas), que juntam as partes para constituir algo
"mais" e "maior": uma união familiar, um grupo de amigos,
uma empresa, uma comunidade social, um Estado - que se integra na natureza e no
cosmo como um todo. Essa nossa vinculação, em sua grandeza e totalidade, recebe
freqüentemente de Bert Hellinger a denominação de "grande alma". Isso
não significa para ele algo místico ou do além, mas a totalidade da existência individual
e coletiva, que justamente através das conquistas das ciências naturais nos
aparece de modo cada vez mais misterioso, nos sustentando, ligando e talvez
mesmo dirigindo.
Entre os consteladores também
existem divergências sobre a conveniência e a medida em que se falar de alma.
Para alguns isso envolve uma carga excessivamente mística ou religiosa. Outros
não partilham essas restrições. Pois diariamente, ao abrirmos um jornal ou
revista, lemos em diversos artigos, seja na política, na economia ou na parte esportiva
a palavra "alma" num contexto imediatamente inteligível para cada
caso. Por exemplo, em manchete: "O templo de Ankor e a alma ferida do
Camboja: em busca de nossa identidade".
Quando se fala de
"alma", seja no trabalho com as constelações, seja de modo geral na
psicoterapia ou na vida quotidiana, isso não acontece com ânimo
anti-científico. Um consultor familiar não pode esperar que a ciência natural
lhe forneça dados e métodos exatos, cientificamente comprovados e
universalmente reconhecidos, para a solução de conflitos conjugais. Ele
trabalha de uma forma mais ampla, orientado por vivências e pelas "regras
da alma". Uma das realizações de Bert Hellinger é ter condensado e
desenvolvido um modelo preexistente de constelações familiares, reduzindo ao
essencial, de uma forma experimentável, os processos anímicos e os complexos
contextos de relações, e abrindo o acesso a mudanças profundas na alma. Quem se
disponha a isso pode comprová-lo pela própria prática do próprio Bert
Hellinger, amplamente documentada, e de milhares de consultores e terapeutas.
(*) -JAKOB SCHNEIDER (Munique-Alemanha): Professor e Terapeuta de casais e
de famílias. Exerceu as funções de assistência aos jovens e de orientador de
casais a serviço da igreja. Formou-se em PNL e psicoterapia sistêmica. Dirige
seminários de constelação familiar na Alemanha, Itália e Brasil; supervisiona
clínicas e instituições sociais. Sua especialidade é o estudo dos efeitos das
‘Ordens do Amor’ nas relações e a inclusão de contos de fada e de histórias
literárias no trabalho com vínculos de destino. Foi professor e diretor
pedagógico dos 1º, 2º e 3º Cursos de Formação em Terapia Sistêmica Familiar
Fenomenológica no Brasil, sob a coordenação de Reginaldo Teixeira Coelho
(Régis).
Jakob Robert Schneider estará em São Paulo - 01 e 02 de abril de 2014- ministrando
Seminário sobre Supervisão de Casos e Supervisão Pessoal em Constelações Sistêmicas.
Este SEMINÁRIO é direcionado aos ex-alunos dos Cursos de Formação em Terapia
Sistêmica Familiar Fenomenológica feitos
sob a coordenação de Régis e orientação do próprio Jakob Schneider, aos ex-alunos
e alunos de todos os cursos de formação reconhecidos pela ABC Sistemas,
propostos pela CBCS, como também aos filiados à ABC Sistemas (Associação
Brasileira de Constelações Sistêmicas) e aos filiados à CBCS (Comunidade
Brasileira dos Consteladores Sistêmicos) de todo o Brasil. Informações no site da CBSC ou com Vera Bassoi – Cel (15) 997742890 –Email:
verabassoi@gmail.com
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