Cristina Florentino (*)
O sucesso, à luz da constelação familiar, nos alcança quando saímos
do módulo sobrevivência e nos sintonizamos com a vida. E o que é estar no
módulo sobrevivência? É o hábito de ter a postura interna de luta em relação ao
trabalho, profissão ou a vida. Quando nos perguntam: – Como vai você? E respondemos:
– Matando um leão por dia – trabalhando hoje para pagar o almoço de amanhã – Na
luta! Lutando! Sobrevivendo… e muitas outras expressões que nos falam dessa
postura interna de sobrevivência.
E o que é estar em sintonia com a vida? É aceitar a vida como ela
é; sair da queixa, parar de brigar com a realidade, aceitar o que não pode ser
mudado e não depende de nós para mudar. Postura de gratidão ao que eu já sou,
já tenho. Reconhecer que tudo está certo do jeito que é. Essa postura é bem
diferente do conformismo, de ficar na zona de conforto. Vamos para a ação, no
entanto, na postura interna do sim! Também não ficamos na obstinação pelo
resultado, sigo os sinais das sincronicidades.
Projetamos na profissão e no trabalho a relação que tivemos com
nossos pais na infância. Muitas vezes quero que o trabalho me dê aquilo que não
tive da minha família. Muitas vezes é totalmente insconciente. No consultório
vejo como os clientes sofrem na busca do reconhecimento de suas autoridades no
trabalho. E por vezes, acabam tratando seus iguais como irmãos.
Bert Hellinger percebeu que o sucesso no trabalho está conectado
com a nossa relação com a mãe e a realização profissional vem através pai. A
mãe nos carrega em seu ventre por nove meses, nos nutri e se tudo correu bem
continuou nos nutrindo por muito tempo, estávamos na abundância na época do
ventre, tínhamos tudo que precisávamos; hoje quem nos nutri é o dinheiro que
ganhamos através de nosso trabalho.
Já o Pai chega depois, no entanto, não é menos importante. O pai
tem o papel de nos levar a vida. O pai é aquele que sai de casa cedo em busca
do sustento de sua família. Através dos pais os filhos aprendem como ir para o
mundo, ir para a vida e se realizar.
Podemos perceber como sucesso/trabalho e a realização profissional
nem sempre andam de mãos dadas. E se conseguimos nos conectar e aceitar pai e
mãe como são, dessa forma teremos sucesso e realização profissional! Como fazer
isso? Esse é um desafio para todos nós, e é também a prática mais importante
desse trabalho. De novo e de novo tomar pai e mãe.
Hellinger descobriu que há 3 leis que governam nossa consciência e
se estendem para todos os grupos humanos, sejam familiares ou de trabalho. São
elas pertencimento, equilíbrio entre o dar e o receber e hierarquia. Recebemos
muito de nossos pais, eles nos deram a vida, nos alimentaram, nos educaram, nos
aconselharam… É natural que toda criança se sinta em débito com seus pais, não
é possível pagar essa dívida diretamente para eles, pagamos através de nosso
trabalho, de nossos filhos, fazendo algo de bom com nossa vida.
Muitas vezes temos uma postura interna de querer dar muito para
nossos pais, como se fossem nossos filhos ou temos pena e sentimos que
poderíamos lidar com a situação difícil que estão passando muito melhor do que
eles. Assim nossa postura é de estar acima deles e portanto fora do lugar de
filho/a.
Devemos ajudar os pais, mas com a postura correta, a de sermos
menores. Só assim me conecto com o fluxo que vem deles para mim e dos
ancestrais atrás deles e me sinto forte para seguir adiante. Dessa forma estou
em harmonia com a lei do equilíbrio entre o dar e receber e a da hierarquia,
porque me coloco no lugar correto, eles são os primeiros, os maiores e eu sou a menor, os menores recebem
dos grandes, e esses dão aos pequenos.
E o mais bonito: os pais esperam essa postura de nós, se tudo corre
bem, a recompensa para eles é nos ver tendo sucesso e realização na vida! A lei
do pertencimento nos fala de como nos sentimos com a consciência leve se
imitamos os padrões comportamentais de nossa família, se todos são pobres me
sinto mal se começo a ganhar muito dinheiro, a consciência fica pesada, pois
corro o risco de ser excluído/a do bando e muitas vezes não temos sucesso como
uma forma de fidelidade aos nossos pais ou a algum ancestral que foi excluído.
(*) Psicóloga clínica (CRP 06-84874), consteladora e helper em
pathwork. Faz atendimentos individuais,
de casais e em grupo.
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