terça-feira, 31 de dezembro de 2013

“TEMPO, TEMPO, TEMPO, COMPOSITOR DE DESTINOS....”



“Tempo, tempo, tempo, compositor de destinos....” Hoje, bem no finalzinho, quando a Terra volta ao começo de mais um giro em sua jornada ao redor do Sol, quero apenas dizer a 2013: GRATIDÃO! Gratidão por tudo! Por ter continuado navegando no Rio da Vida. Isso foi o suficiente. O resto chegou de GRAÇA. Para 2014 não tenho planos, nem metas. Quero estar a serviço. Pronta para satisfazer meu destino. Frente ao que vier, espero abrir espaço no coração, para o SEJA FEITA Á SUA VONTADE. Tenho consciência de que, eu por mim não faço coisa alguma, o Grande Espirito consegue tudo através de mim e me concede créditos. Quero ser fiel a este entendimento colocando-me a serviço desta força maior. 2014 é mais um passo na minha própria jornada e, enquanto caminho, vou esquecer que Deus é substantivo (como aprendi na escola) quero sentir Deus como VERBO. O mais ativo e dinâmico de todos. Verbo tem pessoa, voz, tempo e ação. Em 2014 minha intenção é conjugar este verbo: Deus em ação, através de mim, constelando a vida. Quero aprender  a fazer isso com humildade, presença  e amor. Amem! Mazé Fontes


segunda-feira, 30 de dezembro de 2013

A RITALINA E OS RISCOS DE UM 'GENOCÍDIO DO FUTURO'

 Maria Aparecida Moysés
 

Estamos colocando neste espaço  trechos do  trabalho da pesquisadora da Unicamp, Maria Aparecida Moysés, sobre os efeitos da ritalina, publicados no site da UNICAMP- Universidade Estadual de Campinas - (www.unicamp.br) e em CARTACAPITAL. Ela alerta: o efeito de  acalmar é sinal de toxicidade. " Saiba mais  sobre a ritalina tão em evidência e os seus riscos...  A ritalina e os riscos de um “genocídio do futuro”.  Para uns, ela é uma droga perversa. Para outros, a 'tábua de salvação. Tire suas conclusões.

No PORTAL UNICAMP a Dra Maria Aparecida Moysés diz o seguinte:

 Para uns, ela é uma droga perversa. Para outros, a 'tábua de salvação'. Trata-se da ritalina, o metilfenidato, da família das anfetaminas, prescrita para adultos e crianças portadores de transtorno de deficit de atenção e hiperatividade (TDAH). Teria o objetivo de melhorar a concentração, diminuir o cansaço e acumular mais informação em menos tempo. Esse fármaco desapareceu das prateleiras brasileiras há poucos meses (e já começou a voltar), trazendo instabilidade principalmente aos pais, pela incerteza do consumo pelos filhos. Ocorre que essa droga pode trazer dependência química, pois tem o mesmo mecanismo de ação da cocaína, sendo classificada pela Drug Enforcement Administration como um narcótico. No caso de consumo pela criança, que tem seu organismo ainda em fase de formação, a ritalina vem sendo indicada de maneira indiscriminada, sem o devido rigor no diagnóstico. Tanto que, no momento, o país se desponta na segunda posição mundial de consumo da droga, figurando apenas atrás dos Estados Unidos. Como acontece com boa parte dos medicamentos da família das anfetaminas, a ritalina 'chafurda' a ilegalidade, com jovens procurando a euforia química e o emagrecimento sem dispor de receita médica. Fala-se muito que, se não fizer o tratamento com a ritalina, o paciente se tornará um delinquente. "Mas nenhum dado permite dizer isso. Então não tem comprovação de que funciona. Ao contrário: não funciona", critica a pediatra Maria Aparecida Affonso Moysés, professora titular do Departamento de Pediatria da Faculdade de Ciências Médicas (FCM) da Unicamp. “A gente corre o risco de fazer um genocídio do futuro. Mais vale a orientação familiar”, encoraja a pediatra, que concedeu entrevista, a seguir, ao Portal Unicamp.
RITALINA A DROGA DA OBEDIÊNCIA
Veja o que diz Dra. Maria Aparecida Moyses   em CartaCapital: “ O Brasil é o segundo maior consumidor mundial dos psicotrópicos chamados metilfenidatos, prescritos para o tratamento de crianças diagnosticadas como portadoras do Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH). Atrás apenas dos Estados Unidos, consumimos, em 2009, 2 milhões de caixas, ante as 70 mil consumidas em 2000. A droga, usada para tratar do que é considerado um distúrbio neurobiológico, é consumida, entre outros, por crianças e adolescentes desatentos, agitados e com dificuldades escolares. Apelidado de a “droga da obediência”, por acalmar e focar a atenção, o medicamento leva os sugestivos nomes de Concerta e Ritalina (produzidos pelos laboratórios Janssen Cilag e Novartis, respectivamente). Seu uso, no entanto, provoca acaloradas discussões. A pediatra Maria Aparecida Affonso Moysés, da Unicamp, é uma das vozes médicas a questionar a existência de “uma doença neurológica que só altere comportamento e aprendizagem”. Nessa entrevista, ela explica as reações adversas da droga e afirma que os critérios para diagnosticar o TDAH são normas sociais.”
Em outro trecho da entrevista em CARTACAPITAL ela diz o seguinte: “ A sociedade médica brasileira, há 50 anos, era voltada para a França. Hoje é voltada para os EUA. É quase mundial isso, mas na Europa ainda há uma resistência. Somos muito dependentes da tecnologia e da cultura americana, que impõe essa padronização e normalização das pessoas. A gente constrói uma sociedade que quer uma criança cada vez mais ativa e ligada no mundo. Crianças com 4 anos mexem no computador com várias janelas abertas ao mesmo tempo. Quando elas chegam na escola, queremos que elas façam uma coisa só e não questionem. Queremos crianças criativas, ótimas e submissas! Elas questionam, querem saber o porquê. O “não” não basta mais. E os adultos não aguentam isso. A sociedade é muito incomodada com os questionamentos e a gente acaba abafando isso via substância química. Junte isso ao interesse financeiro das indústrias farmacêuticas. Elas financiam cursos, viagens para médicos, vantagens em clínicas. Curso para professores financiado por um laboratório é algo estranho. Não sejamos ingênuos: eles estão, na verdade, treinando professores para identificar futuros clientes consumidores de suas drogas. E esse é um peso muito forte, que consta, inclusive, em relatório do departamento de justiça dos EUA, mostrando como a Ciba-Geigy (Laboratório que viria, a partir de 1996, a formar a Novartis) – financiava entidades de familiares e profissionais ligados à defesa das pessoas com TDAH.

EM PORTAL UNICAMP – Na França, o TDAH é praticamente zero. A que se deve isso?
Cida Moysés – Isso se deve a valores culturais, fundamentalmente.

No site Unicamp, www.unicamp.br em CartaCapital a medica Maria Aparecida Affonso Moysés, fala com mais detalhes sobre os efeitos da ritalina. 



domingo, 29 de dezembro de 2013

A ALMA - O "CAMPO DOTADO DE SABER"

Imagem de ALEX GREY artista americano dedicado a temas espirituais

Jakob Robert Schneider 
Texto de Jakob Robert Schneider (*)

As constelações familiares se referem de uma nova maneira àquilo que chamamos de "alma". Podemos denominar assim a força invisível que animando (ou pelo menos no mundo animado; congrega partes num todo de uma tal maneira que o todo é mais do que a soma das partes e de suas funções dentro dele. A alma não se identifica com nossa consciência, pois inclui o inconsciente. E não se identifica com os processos fisiológicos e físicos em nosso corpo e em nosso cérebro, embora esteja inseparavelmente unida a eles. Não se identifica tampouco com nossos sentimentos, embora o sentir seja o modo de expressão por onde se experimenta a alma.
Ela é antes como o espaço ou o campo que une, ultrapassando espaço e tempo, tudo o que constitui uma pessoa, criando uma identidade. A abordagem típica da ciência natural atual, que busca o que "não difere", a saber, as partes e partículas e suas mútuas conexões, exclui por seu próprio método a possibilidade de descobrir uma alma. Porém nossa experiência quotidiana se dirige ao que é "mais do que". Não há conversa, nem arte, nem política, nem vida de relacionamento sem participação da alma. Como a experiência psíquica não pode ser reduzida ao que material e quantificável, a língua desenvolveu "palavras da alma" como liberdade, paciência, espírito, coragem, amor, etc. O que entendemos por "amor" não pode ser adequadamente entendido a partir de genes ou de funções do cérebro.
Sabemos que para falar dos domínios da alma dependemos de imagens, metáforas, imprecisões, vivências, experiências, intuições perceptivas, bem como da função anímica da avaliação sensitiva e de coisas semelhantes. Por mais que as ciências da natureza nos ajudem com seus conhecimentos e nos obriguem, por exemplo, a repensar nossa liberdade de decisão, a ocupação com a alma, que ultrapassa o âmbito da experiência da vida, pertence mais às ciências do espírito ou à psicologia como ciência do espírito. O trabalho com as constelações familiares se apresenta no concerto da teoria e da prática psicológica modernas de um modo amplo e desafiador, descortinando a alma redescoberta e suas leis.
Da mesma forma como em nossa alma pessoal somos maiores do que aquilo que percebemos conscientemente em nós, assim também em todos os níveis de relações estamos envolvidos em contextos maiores, formados, em termos anímicos, por "espaços" ou "campos" (tomados como metáforas), que juntam as partes para constituir algo "mais" e "maior": uma união familiar, um grupo de amigos, uma empresa, uma comunidade social, um Estado - que se integra na natureza e no cosmo como um todo. Essa nossa vinculação, em sua grandeza e totalidade, recebe freqüentemente de Bert Hellinger a denominação de "grande alma". Isso não significa para ele algo místico ou do além, mas a totalidade da existência individual e coletiva, que justamente através das conquistas das ciências naturais nos aparece de modo cada vez mais misterioso, nos sustentando, ligando e talvez mesmo dirigindo.
Entre os consteladores também existem divergências sobre a conveniência e a medida em que se falar de alma. Para alguns isso envolve uma carga excessivamente mística ou religiosa. Outros não partilham essas restrições. Pois diariamente, ao abrirmos um jornal ou revista, lemos em diversos artigos, seja na política, na economia ou na parte esportiva a palavra "alma" num contexto imediatamente inteligível para cada caso. Por exemplo, em manchete: "O templo de Ankor e a alma ferida do Camboja: em busca de nossa identidade".
Quando se fala de "alma", seja no trabalho com as constelações, seja de modo geral na psicoterapia ou na vida quotidiana, isso não acontece com ânimo anti-científico. Um consultor familiar não pode esperar que a ciência natural lhe forneça dados e métodos exatos, cientificamente comprovados e universalmente reconhecidos, para a solução de conflitos conjugais. Ele trabalha de uma forma mais ampla, orientado por vivências e pelas "regras da alma". Uma das realizações de Bert Hellinger é ter condensado e desenvolvido um modelo preexistente de constelações familiares, reduzindo ao essencial, de uma forma experimentável, os processos anímicos e os complexos contextos de relações, e abrindo o acesso a mudanças profundas na alma. Quem se disponha a isso pode comprová-lo pela própria prática do próprio Bert Hellinger, amplamente documentada, e de milhares de consultores e terapeutas.

(*) -JAKOB SCHNEIDER (Munique-Alemanha): Professor e Terapeuta de casais e de famílias. Exerceu as funções de assistência aos jovens e de orientador de casais a serviço da igreja. Formou-se em PNL e psicoterapia sistêmica. Dirige seminários de constelação familiar na Alemanha, Itália e Brasil; supervisiona clínicas e instituições sociais. Sua especialidade é o estudo dos efeitos das ‘Ordens do Amor’ nas relações e a inclusão de contos de fada e de histórias literárias no trabalho com vínculos de destino. Foi professor e diretor pedagógico dos 1º, 2º e 3º Cursos de Formação em Terapia Sistêmica Familiar Fenomenológica no Brasil, sob a coordenação de Reginaldo Teixeira Coelho (Régis).


Jakob Robert Schneider estará em São Paulo - 01 e 02 de abril de 2014-  ministrando Seminário  sobre Supervisão  de Casos e Supervisão Pessoal em Constelações Sistêmicas. Este  SEMINÁRIO  é direcionado aos  ex-alunos dos Cursos de Formação em Terapia Sistêmica Familiar Fenomenológica  feitos sob a coordenação de Régis e orientação do próprio Jakob Schneider, aos ex-alunos e alunos de todos os cursos de formação reconhecidos pela ABC Sistemas, propostos pela CBCS, como também aos filiados à ABC Sistemas (Associação Brasileira de Constelações Sistêmicas) e aos filiados à CBCS (Comunidade Brasileira dos Consteladores Sistêmicos) de todo o Brasil.  Informações no site da CBSC ou com  Vera Bassoi – Cel (15) 997742890 –Email: verabassoi@gmail.com

sábado, 28 de dezembro de 2013

ONDE ESTÃO OS DEUSES?




Artigo de Santiago Torrente Perez (*)

Esta pergunta parece difícil de ser respondida e é, mas depois de muito pesquisar, ler, debater e experimentar acho que posso dar uma possível resposta. Os deuses estão em todo lugar e em lugar nenhum, como na física quântica eles se parecem à luz que uma hora é partícula outra onda, dependendo da atenção e do olhar do observador.
Os mitos contados nos livros sagrados, parecem descrever simbolicamente aquilo que é constitutivo no universo, ou seja sua energia criadora, estabelecida no momento da grande explosão cósmica onde se fragmentou em infinitas possibilidades de vibração. Uma dessas possibilidades é o que conhecemos como mundo visível, captado pelos sentidos físicos, outra é a correspondente ao mundo invisível mas perceptível àqueles mais sensíveis e atentos.
Essas energias construíram e fazem parte integrante do universo, fluem por todo o cosmo, agindo de forma perceptível ou sutil, dependendo do grau de vibração que se manifestem sobre a realidade que vivemos. Embora tenhamos a ilusão da separação, estamos intrinsecamente vinculados a essas energias consciente e/ou inconscientemente. A maneira que temos para compreendê-las foi construída e dada como herança cultural desde tempos imemoriais através das gerações pelos mitos. Os deuses, o espírito de nossos ancestrais e suas manifestações foram simbolicamente transmitidas, como formas de organizar o mundo e dar-lhe sentido.
Esses seres transcendentes, poderosos e seus símbolos são o correspondente simbólico das energias que conformam, modelam e criam nossos corpos e mentes. Portanto os mitos são a forma que encontramos para compreender, interpretar e moldar as forças descomunais da natureza que nos constituem e habitam em nós.
Para poder sentir isso de forma clara sugiro fazer a seguinte experiência:
Sente-se confortavelmente em um lugar tranquilo, se for junto à natureza melhor, feche os olhos, sinta sua respiração por algum tempo e diga a si mesmo: “Deus está em meu corpo, em minhas carnes”, repita isso algumas vezes e veja como se sente.
Se realmente se permitir ter essa experiência certamente começará a ser, sentir, pensar e agir diferente.


(*) Santiago Torrente PerezBacharel   em Ciências Sociais pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo. Mestre em Ciências Sociais  e Antropologia pela Pontifícia Universidade Católica de  São Paulo. É Constelador Sistêmico – pelo método de Constelações Familiares e Sistêmicas de Bert Hellinger, formação ministrada por Mimansa Erika Farny - São Paulo-SP.  Participação do Grupo de Estudos em Constelações e outras técnicas do Instituto Atma Coordenado por Artur Tacla.

segunda-feira, 23 de dezembro de 2013

FELIZ NATAL - FELIZ ANO DE 2014


Lá vai o tempo.  Um ciclo partindo e outro amanhecendo em nossas vidas. Neste finalzinho de 2013 quero falar de minha gratidão a Deus, que me criou e me doou a vida, ao anjo que me acompanha desde sempre, ao campo familiar que abrigou meu SER, me fez pertencer e cuida de mim, ao antepassado desconhecido que, mesmo sem que eu saiba, zela e torce por mim. Gratidão aos amigos e a todos que me dedicam amor e amizade. Gratidão aos clientes porque confiaram no meu trabalho, me fizeram estudar e aprender mais com suas historias e sistemas. Gratidão ao ano de 2013,  que está partindo, porque foi generoso e prospero. Ofereceu especiais oportunidades de crescimento e mudanças.
Desejo um excelente Natal e um feliz 2014. Muita Luz, Paz e saúde em abundância. Que você(s) esteja (m) PRESENTE em tudo, que seu (s)  anjo(s) diga (m) AMEM ao seu espirito. Que o Grande Espirito abençoe seus sonhos e seu Destino. E que assim seja!

                    

sábado, 7 de dezembro de 2013

O QUE É O DIREITO SISTÊMICO?


Artigo escrito por Sami Storch (*) Publicado em 29/11/2010
A expressão “direito sistêmico”, no contexto aqui abordado, surgiu da análise do direito sob uma ótica baseada nas ordens superiores que regem as relações humanas, segundo a ciência das constelações familiares sistêmicas desenvolvida pelo terapeuta e filósofo alemão Bert Hellinger.
Venho me dedicando ao estudo desse assunto desde o ano de 2004, quando tive meu primeiro contato com a terapia das constelações familiares e percebi que, além de ser uma terapia altamente eficaz na solução de questões pessoais, o conhecimento dessa ciência tem um potencial imenso para utilização na área jurídica, na qual tenho formação acadêmica e profissional.
Isso porque, na prática, mesmo tendo as leis positivadas como referência, as pessoas nem sempre se guiam por elas em suas relações. Os conflitos entre grupos, pessoas ou internamente em cada indivíduo são provocados em geral por causas mais profundas do que um mero desentendimento pontual, e os autos de um processo judicial dificilmente refletem essa realidade complexa. Nesses casos, uma solução simplista imposta por uma lei ou por uma sentença judicial pode até trazer algum alívio momentâneo, uma trégua na relação conflituosa, mas às vezes não é capaz de solucionar verdadeiramente a questão, de trazer paz às pessoas.
O direito sistêmico se propõe a encontrar a verdadeira solução. Essa solução não poderá ser nunca para apenas uma das partes. Ela sempre precisará abranger todo o sistema envolvido no conflito, porque na esfera judicial – e às vezes também fora dela – basta uma pessoa querer para que duas ou mais tenham que brigar. Se uma das partes não está bem, todos os que com ela se relacionam poderão sofrer as conseqüências disso.
Exemplifico: Uma pessoa atormentada por motivos de origem familiar pode desenvolver uma psicose, tornar-se violenta e agredir outras pessoas. Quem tem a ver com isso? Todos. Toda a sociedade. Adianta simplesmente encarcerar esse indivíduo problemático, ou mesmo matá-lo (como defendem alguns)? Não. Se ele tiver filhos que, com as mesmas raízes familiares, apresentem os mesmos transtornos, o problema social persistirá.
A solução sistêmica, nesse caso, deve ter em vista a origem familiar do indivíduo. Não haverá real solução de outra forma.
Numa ação de divórcio, a solução jurídica relativa aos filhos menores pode ser simplesmente definir qual dos pais ficará com a guarda, como será o regime de visitas e qual será o valor da pensão. É o que usualmente se faz. Mas de nada adiantará uma decisão judicial imposta se os pais continuarem se atacando. Independentemente do valor da pensão ou de quem será o guardião, os filhos crescerão como se eles mesmos fossem os alvos dos ataques de ambos os pais.
Uma ofensa do pai contra a mãe, ou da mãe contra o pai, são sentidas pelos filhos como se estes fossem as vítimas dos ataques, mesmo que não se dêem conta disso. Isso porque sistemicamente os filhos são profundamente vinculados a ambos os pais biológicos. São constituídos por eles, por meio deles receberam a vida.
O filho não existe sem o pai ou sem a mãe e, seja qual for o destino que os filhos construírem para si, será uma sequência da história dos pais.

Por isso é que, mesmo que o filho manifeste uma rejeição ao pai – porque este abandonou a família ou porque não paga pensão, por exemplo – toda essa rejeição se volta contra ele mesmo, inconscientemente. Qualquer ofensa ou julgamento de um dos pais contra o outro alimenta essa dinâmica, prejudicial sobretudo aos filhos. O mesmo ocorre quando o juiz toma o partido de um dos pais contra o outro, reforçando o conflito interno na criança.
A solução sistêmica, para ser verdadeira, precisará primeiramente excluir os filhos de qualquer conflito existente entre os pais, para que os filhos possam sentir a presença harmônica do pai e da mãe em suas vidas.
O juiz, por sua vez, antes de decidir, deve considerar essa realidade e ter em seu coração as crianças e ambos os pais, além de outras pessoas eventualmente envolvidas, sem julgamentos de qualquer tipo. Com tal postura, por si só, o juiz já estará facilitando uma conciliação entre as partes (que constituem um só sistema). E, caso se faça necessária uma solução imposta, esta será mais bem recebida por todos, pois todos sentirão que foram vistos e considerados pelo juiz.
Que fique bem claro: isso não impede que o pai e a mãe discutam as questões necessárias, judicialmente ou não, desde que isso se dê entre eles, sem o envolvimento dos filhos, nem que o juiz decida as demandas que lhe forem postas.
A abordagem sistêmica do direito, portanto, propõe a aplicação prática da ciência jurídica com um viés terapêutico – desde a etapa de elaboração das leis até a sua aplicação nos casos concretos. A proposta, aqui, é utilizar as leis e o direito como mecanismo de tratamento das questões geradoras de conflito, visando à saúde do sistema “doente”, como um todo.


(*)- Sobre Sami Storch

Juiz de Direito no Estado da Bahia, atualmente em exercício nas Comarcas de Amargosa e Lauro de Freitas. Graduei-me na Faculdade de Direito da USP, cursei Mestrado em Administração Pública e Governo (EAESP-FGV/SP) e diversos cursos de formação e treinamentos em Constelações Sistêmicas Familiares e Organizacionais segundo Bert Hellinger. Meu foco é a aplicação prática, no exercício das atividades judicantes, dos conhecimentos e técnicas das constelações familiares. O objetivo é utilizar a força do cargo de juiz para auxiliar na busca de soluções que não apenas terminem o processo judicial, mas que realmente resolvam os conflitos, trazendo paz ao sistema.

terça-feira, 3 de dezembro de 2013

`TRAUMA' PODE SER TRANSMITIDA ENTRE GERAÇÕES, SUGERE ESTUDO

 
 Artigo publicado na Folha de São Paulo-  Terça - feira, 3 de dezembro de 2013 – Postado no Facebook por Maria Justina Mottin Nunes (*) via Ana Carolina Carpes Madaleno

Um estudo feito por cientistas americanos aponta que o comportamento humano pode ser afetado por episódios vivenciados por gerações passadas por meio de uma espécie de memória  genética. As pesquisas mostraram que um evento traumático pode afetar o DNA no esperma e alterar os cérebros e o comportamento das gerações futuras.
O estudo, publicado na revista científica Nature Neuroscience, indica que camundongos treinados para se esquivar de um determinado tipo de odor passaram essa aversão a seus 'netos'.
Especialistas dizem que os resultados são importantes para as pesquisas sobre fobia e ansiedade.
Os animais foram treinados para temer um cheiro similar ao da flor de cerejeira.
A equipe, composta por cientistas da Emory University School of Medicine, nos Estados Unidos, averiguou, então, o que estava acontecendo dentro do espermatozoide dos camundongos.
Os cientistas constataram que o trecho do DNA responsável pela sensibilidade à essência da flor de cerejeira estava mais ativo na célula reprodutiva masculina.
Tanto a prole dos camundongos quanto os descendentes destes demonstraram hipersensibilidade à flor de laranjeira e se esquivaram dela, mesmo que não tenham passado pela mesma experiência.
Os pesquisadores também identificaram mudanças na estrutura dos cérebros desses animais.
"As experiências vivenciadas pelos pais, mesmo antes da reprodução, influenciaram fortemente tanto a estrutura quanto a função no sistema nervoso das gerações subsequentes", concluiu o relatório.
ASSUNTOS FAMILIARES
As descobertas oferecem evidência de uma "herança epigenética transgeracional", ou seja, de que o ambiente pode afetar os genes de um indivíduos, que podem então ser transmitidos a seus herdeiros.
Um dos pesquisadores, Brian Dias, afirmou à BBC que tal característica "pode ser um mecanismo pelo qual os descendentes mostram marcas de seus antecessores".
"Não há dúvida de que o que acontece com o espermatozóide e o óvulo pode afetar as gerações futuras".
O professor Marcus Pembrey, da Universidade College London, afirmou que as descobertas são "altamente relevantes para as fobias, ansiedade e desordens de estresse pós-traumático" e fornecem "fortes evidências" de que uma forma de memória pode ser transmitida entre gerações.
Diz ele: "A saúde publica precisa urgentemente levar em conta as respostas transgeracionais humanas".
"Acredito que não entenderemos o aumento nas desordens neuropsiquiátricas ou a obesidade, diabetes e as perturbações metabólicas sem esse tipo de abordagem multigeracional".
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Este estudo cientifico  confirma o que O PENSAMENTO SISTEMICO conhece e divulga com sua pratica através das constelações familiares. Acontecimentos vividos  em gerações anteriores são revividos por alguém, por algum descendente,  em uma geração posterior. A observação final é nossa. Mazé fontes

(*)- Maria Justina Mottin Nunes – É consteladora familiar; Mora em Caxias do Sul –oferece formação para consteladores familiares

A BOLA DOURADA

Este trecho de Bert Hellinger foi postado no Facebook por Sami Storch. Foto de INSTITUTO CONSTELAÇÕES.

O fluxo do amor, sempre em frente!

O que recebi pelo amor de meu pai eu não lhe paguei pois, em criança, ignorava o valor do dom, e quando me tornei homem, endureci como todo homem. Agora vejo crescer meu filho, a quem amo tanto como nenhum coração de pai se apegou a um filho. E o que antes recebi estou pagando agora a quem não me deu nem me vai retribuir. Pois quando ele for homem, e pensar como os homens, seguirá, como eu, os seus próprios caminhos. Com saudade, mas sem ciúme, eu o verei pagar ao meu neto o que me era devido. Na sucessão dos tempos meu olhar assiste, comovido e contente ao jogo da vida: Cada um, com um sorriso, lança adiante a bola dourada, e a bola dourada nunca é devolvida! Börries von Münchhausen (encontra-se traduzido no livro “O Amor do Espírito”- Ed. Atman - Bert Hellinger)

sábado, 30 de novembro de 2013

LEIS DO AMOR


Este texto foi escrito,  como tarefa de casa, pela aluna Ana Paula Brolezi David. É  uma síntese das Leis Sistêmicas, produzido como tarefa  do Módulo I, Introdução às Constelações Sistêmicas Familiares e Organizacionais, do Curso Vivencial Treinamento em Constelações Sistêmicas, da professora Ana Lucia Braga.(*)


Muita gente julga que o amor tem o poder de superar tudo, que é preciso apenas amar bastante e tudo ficará bem. (…) para que o amor dê certo, é preciso que exista alguma  outra coisa ao lado dele. É necessário que haja o conhecimento e o reconhecimento de uma ordem oculta do amor.” Bert Hellinger
Hellinger descobriu, ao longo de seu trabalho, uma série de leis ocultas que atuam sobre as pessoas, famílias e grupos. Essas leis, que chamou de leis do amor, são forças dinâmicas e articuladas que atuam sobre nossas vidas sem que o percebamos. Quando ignoradas, causam grandes desordens, conflitos, doenças e dores. Em contrapartida, quando respeitadas percebemos seu fluxo harmonioso como uma sensação de estar bem no mundo.
A primeira lei se refere à pertinência: Todos têm o igual direito de pertencer.
A segunda lei se refere ao equilíbrio entre dar e receber.
A terceira lei diz que há uma hierarquia de tempo: os mais antigos vêm primeiro e os mais novos vêm depois.
Para Bert, todo grupo funciona como um organismo vivo que se autorregula para permitir que sobreviva ao longo do tempo. E foi trabalhando e observando questões simples e essenciais do relacionamento familiar, que tocavam de forma sutil a alma da  família, como a dor, a vida, a morte, o amor e as separações e seus resultados que ele formulou as leis ou ordens do amor, utilizando, para tal, o método fenomenológico.

1° Lei: TODOS TÊM O IGUAL DIREITO DE PERTENCER.
Essa lei diz que não importa o que uma pessoa faça de “condenável”, “pecaminoso”, “reprovável” ou “errado” ela continua tendo o direito de pertencer ao sistema familiar.
Suas atitudes não o isentam de repreensões, de restrições, de punições legais e podem até diminuir sua confiabilidade e proximidade, mas isso não tira seu direito de pertencer ao sistema familiar.
Quando algum membro da família é excluído acaba por se criar um efeito colateral onde os mesmos comportamentos reprováveis acabam por reaparecer em alguns membros das gerações seguintes (filhos, netos ou bisnetos) ou como um problema entre irmãos ou casal.
Essa lei também é válida para  filhos que não foram reconhecidos e pessoas que foram prejudicadas em favor de alguém da família. Por exemplo, em separações onde a felicidade de alguém foi fruto da infelicidade de outro.

Quando esses membros da família são reconhecidos, pode haver a reconciliação pacífica entre todos, mas isso requer grande coragem, pois exige que os membros da família superem seus julgamentos morais em favor da reinclusão daquele membro excluído e que se dê um lugar a ele em seus corações.
Assim todos podem sentir a paz que foi interrompida pelos acontecimentos dolorosos do passado, e para o membro que carregava a sensação de não ser aceito acaba e a felicidade se torna possível.
2° Lei: O EQUILÍBRIO ENTRE O DAR E RECEBER
Bert percebeu que nas famílias existe uma ordem natural do dar e receber entre pais e filhos e nos casais.
A ordem natural vem do mais antigo para o mais jovem. Os pais dão e os filhos recebem. Os pais dão a vida e os filhos a tomam. Os pais dão amor e os filhos o tomam em seu coração. Aqui dá se um grande aprendizado: os filhos precisam dos pais, mas os pais não precisam dos filhos.
Quando essa ordem é invertida os problemas começam. Muitos pais, voltados para seus problemas íntimos, acabam por sobrecarregarem seus filhos que na tentativa de trazê-los para o aqui e agora e fazê-los felizes, em sua inocência, inconscientemente, dizem: “eu vou no seu lugar” ou “eu sofro por você”, e acabam ficando doentes para que os pais se unam e sejam felizes.
Esse amor é cego e além de não solucionar o problema acaba por agravar a situação, pois os pais acabam por abandonarem seus relacionamentos para nutrir as necessidades dos filhos e, embora inconscientemente, eles acabam pagando com um sentimento de expiação e toda expiação é sem sentido e não traz crescimento, pois nenhum mal se paga com sofrimento.
No momento que os pais percebem que a criança passou a ter mais importância na família, é hora de reassumirem o papel de pais e deixarem seus filhos livres para que sigam suas vidas.
A melhor forma de os filhos retribuírem o amor que receberam dos pais é passando adiante para as próximas gerações.
Entre o casal, há desequilíbrio quando um dos parceiros se sente superior ao outro e prefere dar todo o seu amor ao parceiro e sem perceber se recusam a receber. Com o tempo o parceiro vai se infantilizando e se torna dependente, perdendo assim o interesse e acaba por buscar novas distrações e vícios para preencher o vazio que sente ou acaba por adoecer pela impossibilidade de retribuir o muito que recebeu.
Os que muito recebem podem agir de 3 formas:
A primeira é ser grato pelo muito que recebeu, a segunda é tentar diminuir e atacar a pessoa que deu muito para que ela se sinta tão inferior quanto ele. E a terceira, é deixar a pessoa que muito deu, seja traindo ou abandonando a relação.
Portanto, para que o amor dê certo é fundamental que o equilíbrio entre dar e receber seja respeitado.
3° Lei: HÁ UMA HIERARQUIA  DE TEMPO: OS MAIS ANTIGOS VÊM PRIMEIRO E OS MAIS NOVOS VÊM DEPOIS.
A hierarquia diz que quem vem primeiro tem prioridade sobre quem vem depois, assim os pais tem prioridades sobre os filhos. Os pais são grandes e os filhos pequenos, assim os pais dão e os filhos recebem.
Quando essa ordem fica invertida e os filhos se sentem maiores que os pais, a alma do filho sente um desconforto que se manifesta em forma de sofrimento autoimposto,  essa arrogância  acaba por trazer à vida dos filhos muitos fracassos, doenças e destinos difíceis.
Os filhos devem receber o amor dos pais da forma como lhe é dado, e ser gratos.
Quando os filhos reivindicam dos pais além do que eles dão, cria-se uma desordem na hierarquia, deixando-os amargos e duros consigo mesmo.
Entre os relacionamentos também existe uma ordem, só que diferente.
Quando o filho arruma uma esposa, a família atual passa a ter preferência sobre a família do pai e mãe.
Os conflitos acontecem  quando um dos parceiros fica preso à família anterior e não se entrega plenamente ao parceiro. Nesse caso a solução é reconhecer a grandeza dos pais, mas honrar a escolha amorosa atual.
Quando há um segundo casamento, o atual tem prioridade sobre o anterior, mas se houver filhos do primeiro casamento, esses têm prioridades sobre o segundo casamento e há a necessidade que a mãe dos filhos seja reconhecida como a primeira mulher e mãe dos filhos do marido.
A arrogância dos filhos em exigir mais do que receberam dos pais causa muita dor, mas quando se consegue reconhecer a grandeza da vida e perceber que isso é o bastante, a ordem se restabelece no sistema familiar e o amor volta a fluir.

Quando respeitadas essas três leis, a vida segue em harmonia, equilíbrio e sucesso.

(*) - Ana Lucia Braga é  Terapeuta  de  Constelações  Sistêmicas,  Terapeuta  Corporal  Neo Reichiana
e Psicopedagoga. Formação: - Constelações Sistêmicas em São Paulo, na primeira turma do médico e terapeuta Renato Shaan Bertate, realizando seminários com os terapeutas alemães: Mimansa Erica Farny, Mariane Franke e Hady Leitner. - Participou de seminário com o terapeuta alemão Jacob Schineider - E dos seminários de Bert Hellinger no Brasil, em 2005, 2006 e 2007, Belo Horizonte, Goiânia e Brasília, respectivamente - Participou dos I, II e III Treinamentos avançados em Constelações Familiares, conduzidos por Bert Hellinger e Sophie Hellinger, em Águas de Lindóia – SP, em 2008, 2009 e no México em 2011. - Participou das Jornadas Internacionais de Pedagogia Sistêmica conduzidas por Bert e Sophie Hellinger, no CUDEC, México, em 2012.
Contato : Tel. +55 16 3021-5490 – 32353338 – 32353339- Cel.: +55 16 9994-7224
e-mail: anaabbraga@gmail.com.br


terça-feira, 19 de novembro de 2013

PEDAGOGIA SISTÊMICA: PROJETO NUMA ESCOLA BRASILEIRA


A pedagogia sistêmica ou paradigma sistêmico-fenomenológico é um método educativo,uma prática dinâmica que está vinculada no contexto educativo e que denominamos campos de aprendizagem.  “Este novo paradigma vem sendo desenvolvido nos últimos sete anos em vários países do mundo, ampliando a visão significativa do todo na relação escola-família, trazendo a possibilidade de criarmos a partir da escola um ambiente de inclusão onde todos possam assumir os seus papéis, levando em conta os sistemas familiares, educativos e institucionais. Se algo caracteriza a pedagogia sistêmica é, justamente, a sua firme proposta de inclusão. Devemos o seu desenvolvimento a Bert Hellinger (psicoterapeuta alemão) criador da Terapia Sistêmica Fenomenológica - Constelações Familiares, técnica terapêutica que permite olhar o indivíduo dentro do seu contexto familiar a partir das relações que estabelece com pessoas da família e com pessoas que não fazem parte da família, através de vínculos de amor e lealdade. A solução para os conflitos e as desordens ocorridas nestas relações se faz através das "ordens do amor", promovendo equilíbrio e harmonia.”-  Texto  retirado do portal WIKIPÉDIA



CORRIGINDO, com base em observação feita por Olinda Guedes: Amada... A CHAMADA DESSA REPORTAGEM NÃO ESTÁ CORRETA... o Projeto não é europeu.. é bem brasileiro de lindo mesmo... e tem a participação da Marianne Franke-Gricksch como nossa mentora... Somos a humanidade, unida pelas mesmas inspirações... isso é o mais bonito.
Obrigada Olinda  Guedes por apontar este equivoco  na edição do vídeo e no titulo da postagem.Valeu!


segunda-feira, 18 de novembro de 2013

SAPATOS COM LAÇOS DE DESTINO

Dra, Dagmar Ramos  
A postagem dos vídeos (1 e 2) refere-se a um atendimento de Constelação Familiar Sistêmica feito pela Dra. Dagmar Ramos. Médica, psicoterapeuta e consultora organizacional. Especialista em Medicina Preventiva e Social - USP - em Homeopatia, Psicologia Transpessoal - DEP-SP e em Terapia Familiar Sistêmica Fenomenológica – Constelaçõe Sistêmicas com equipe de professores alemães. Treinamento em Consultoria, Coaching e Constelações Sistêmicas, pelo IBS Sistêmicas. Autora de livro sobre saúde da mulher, artigos em revistas nacionais e estrangeiras sobre medicina/espiritualidade e constelações sistêmicas. Estudiosa da Psicossíntese de Roberto Assagioli, é membro da equipe internacional do Sisc-Study, Doenças, Sintomas e Constelações Sistêmicas, coordenado por Gunthard Weber, do Instituto Wiesloch, da Alemanha. Realiza atendimentos com constelações sistêmicas no Brasil, na Itália e na Alemanha. Diretora e fundadora do Instituto Brasileiro de Soluções Sistêmicas. http://www.ibssistemicas.com.br


domingo, 17 de novembro de 2013

FORTALECENDO SUA FAMÍLIA COM HISTÓRIAS


Artigo retirado do blog ESPAÇO SHALOM TERAPIAS INTEGRADAS postado  por Margarita Delia Mouriño, nascida em Mar Del Plata, Argentina, reside no Brasil desde 1973. Estuda Xamanismo na linha matricial da Carminha Levy, com Mara Weinreb desde 1999. Faz parte da primeira geração da Tenda da Lua (duração de 5 anos) e foi membro do Conselho das Tendas do Sul até 2002. Formada em Constelações Familiares pelo Centro Latinoamericano de Constelaciones Familiares y Soluciones Sistémicas, de Buenos Aires, Argentina.Experiência Somática (tratamento do trauma), em curso.

Uma das coisas mais importantes que você pode fazer para a sua família pode ser a mais simples de todas: desenvolver uma forte história familiar.
Os psicólogos Marshal Duke e Robyn Fivush desenvolveram uma métrica chamada de escala “Você Sabe”? que pedia que crianças respondessem a vinte perguntas. Por exemplo, “Você sabe onde seus avós cresceram? Você sabe qual o ginásio que sua mãe frequentou? Você sabe onde os seus pais se conheceram? Você sabe se na sua família já aconteceu alguma doença séria ou algo realmente terrível? Você sabe a história do seu nascimento"?
Quanto mais as crianças sabiam sobre a história da sua família, mais forte era seu senso de controle sobre suas vidas, mais elevado era sua autoestima e mais elas achavam que suas famílias funcionavam de uma forma bem sucedida. Essa escala “Você Sabe”? é o melhor previsor para a saúde emocional da criança, felicidade e resiliência – sua capacidade de encarar desafios e aliviar o estresse.
Os psicólogos descobriram que cada família tem um de três tipos de narrativas unificadoras.
A primeira é a narrativa da ascensão da família: “Filho, quando chegamos nesta área, não tínhamos nada. Nossa família trabalhou. Abrimos uma loja. Seu avô foi para o colegial. Seu pai foi para a faculdade. E agora você....”
A segunda é a narrativa do descenso da família: “Querido, nós tínhamos de tudo. Mas aí perdemos tudo”.
A narrativa mais saudável é a da família oscilante: “Querido, deixe-me te contar, nós tivemos altos e baixos na nossa família. Construímos um negócio familiar. Seu avô era um pilar na comunidade. Sua mãe fazia parte do conselho do hospital. Mas nós também tivemos reveses. Você teve um tio que certa vez foi preso. Tivemos uma casa que pegou fogo. Seu pai ficou desempregado. Mas o que quer que tenha acontecido, sempre nos mantivemos unidos como família”.
O Dr. Duke disse que as crianças com mais autoconfiança são aquelas que ele e o Dr. Fivush classificam como tendo uma “forte identidade intergeracional”. Elas sabem que fazem parte de algo maior do que elas mesmas.
Em suma: Se você quer uma família mais feliz, crie, refina e reconte a história dos momentos positivos da sua família, e a capacidade dela de superar os momentos difíceis pelos quais passou. Esse ato por si só pode aumentar as chances da sua família florescer por muitas gerações no porvir.
[do artigo “The Stories that Bind Us” (“As Histórias que Nos Unem”) por Bruce Feiler, New York Times, 15 de março de 2013]


quarta-feira, 13 de novembro de 2013

AS ORDENS DA AJUDA





Escrito por Bert Hellinger  - Uma síntese ampliada - (Maio, 2003)

Fonte: Home-page de Bert Hellinger: www.hellinger.com

Tradução: Newton A. Queiroz- Setembro de 2003



Advertência do tradutor : Acho necessário dar um breve esclarecimento prévio sobre os dois vocábulos-chave do presente texto.

1. Ajuda, ajudante

O título original do artigo é Die Ordnungen des Helfens, literalmente: As Ordens do Ajudar, que prefiro traduzir por As Ordens da Ajuda, por ser mais consoante com nosso uso. Assim, deve-se entender por ajuda, no presente texto, principalmente a maneira de ajudar e a atitude de quem presta ajuda. Quem presta ajuda – no mais das vezes, profissionalmente – é o que Hellinger denomina “der Helfer”, e que traduzimos literalmente, na falta de termo melhor, por “o ajudante”. Nesta categoria estão compreendidos principalmente os que profissionalmente prestam assistência a outras pessoas (o médico, o terapeuta, o assistente social, o sacerdote...), como também aqueles que o fazem voluntariamente, em caráter não profissional.

2. Ordens

As “ordens”, no sentido típico de Bert Hellinger, são as leis, princípios ou ordenações básicas preestabelecidas, que devem presidir nossos comportamentos. Assim, as "ordens do amor” são as leis que devem presidir nossos relacionamentos, para que o amor seja bem sucedido, e cujo desconhecimento ou desrespeito pode ocasionar conseqüências funestas.

No presente texto, Bert Hellinger fala das ordens que devem presidir toda iniciativa de levar ajuda ao próximo e, de modo especial, a ação com objetivo ou efeito terapêutico.

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A ajuda é uma arte. Como toda arte, envolve uma capacidade que pode ser aprendida e praticada. E envolve empatia em relação ao objeto, a saber, a compreensão do que corresponde a esse objeto e, simultaneamente, daquilo que o eleva, por assim dizer, acima de si mesmo, em algo mais abrangente.

Ajuda como compensação

Nós, seres humanos, dependemos, sob todos os aspectos, da ajuda dos outros, como condição de nosso desenvolvimento. Ao mesmo tempo, precisamos também de ajudar outras pessoas. Aquele de quem não se necessita, aquele que não pode ajudar outros, fica só e se atrofia. O ato de ajudar serve, portanto, não apenas aos outros, mas também a nós mesmos. Via de regra, a ajuda é um processo recíproco, por exemplo, entre parceiros. Ela se ordena pela necessidade de compensar. Quem recebeu de outros o que deseja e precisa, também quer dar algo, por sua vez, compensando a ajuda.



Muitas vezes, a compensação que podemos fazer através da retribuição é limitada. Isso ocorre, por exemplo, em relação a nossos pais. O que eles nos deram é excessivamente grande, para que o possamos compensar dando-lhes algo em troca. Só nos resta, em relação a eles, o reconhecimento pelo que nos deram e o agradecimento que vem do coração. A compensação pela doação, com o alívio que dela resulta, só se consegue, nesse caso, repassando essa dádiva a outras pessoas: por exemplo, aos próprios filhos.

Portanto, o processo de tomar e de dar se processa em dois diferentes patamares. O primeiro, que ocorre entre pessoas equiparadas, permanece no mesmo nível e exige reciprocidade. O outro, entre pais e filhos, ou entre pessoas em condição superior e pessoas necessitadas, envolve um desnível. Tomar e dar se assemelham aqui a um rio, que leva adiante o que recebe em si. Essa forma de tomar e dar é maior, e tem em vista também o que virá depois. Nesse modo de ajudar, o que foi doado se expande. Aquele que ajuda é tomado e ligado a uma realização maior, mais rica e mais duradoura.

Esse tipo de ajuda pressupõe que nós próprios tenhamos primeiro recebido e tomado. Pois só então sentimos a necessidade e temos a força para ajudar a outros, especialmente quando essa ajuda exige muito de nós. Ao mesmo tempo, ela parte do pressuposto de que as pessoas a quem queremos ajudar também necessitam e desejam o que podemos e queremos dar a elas. Caso contrário, nossa ajuda se perde no vazio. Então ela separa, ao invés de unir.

A PRIMEIRA ORDEM DA AJUDA

A primeira ordem da ajuda consiste, portanto, em dar apenas o que temos, e em esperar e tomar somente aquilo de que necessitamos. A primeira desordem da ajuda começa quando uma pessoa quer dar o que não tem, e a outra quer tomar algo de que não precisa; ou quando uma espera e exige da outra algo que ela não pode dar, porque não tem. Há desordem também quando uma pessoa não tem o direito de dar algo, porque com isso tiraria da outra pessoa algo que somente ela pode ou deve carregar, ou que somente ela tem a capacidade e o direito de fazer. Assim, o dar e o tomar estão sujeitos a limites, e pertence à arte da ajuda percebê-los e respeitá-los.

Essa ajuda é humilde, e muitas vezes, em face da expectativa e da dor, ela renuncia a agir. O trabalho com as constelações familiares coloca diante de nossos olhos o que deve exigir quem ajuda, tanto de si mesmo quanto da pessoa que busca ajuda. Essa humildade e essa renúncia contradizem muitas concepções usuais sobre a correta maneira de ajudar, e freqüentemente expõem o ajudante a graves acusações e ataques.

A SEGUNDA ORDEM DA AJUDA

A ajuda está a serviço da sobrevivência, por um lado, e da evolução e do crescimento, por outro. Todavia, a sobrevivência, a evolução e o crescimento também dependem de circunstâncias especiais, tanto externas quanto internas. Muitas circunstâncias externas são preestabelecidas e não são modificáveis: por exemplo, uma doença hereditária, as conseqüências de acontecimentos ou de uma culpa. Quando a ajuda deixa de considerar as circunstâncias externas ou se recusa a admiti-las, ela se condena ao fracasso. Isto vale, com maior razão, para as circunstâncias internas. Elas incluem a missão pessoal particular, o envolvimento nos destinos de outros membros da família, e o amor cego que, sob o influxo da consciência, permanece vinculado ao pensamento mágico. O que isso significa em casos particulares eu expus exaustivamente em meu livro “ Ordens do Amor”, no capítulo “Do céu que faz adoecer, e da terra que cura”.



Para muitos ajudantes, o destino da outra pessoa pode parecer difícil, e gostariam de modificá-lo; não, porém, muitas vezes, porque o outro o necessite ou deseje, mas porque os próprios ajudantes dificilmente suportam esse destino. E quando o outro, não obstante, se deixa ajudar por eles, não é tanto porque precise disso, mas porque deseja ajudar o ajudante. Então, quem ajuda realmente está tomando, e quem recebe a ajuda se transforma em doador.

A segunda ordem da ajuda é, portanto, que ela se amolde às circunstancias e só intervenha com apoio na medida em que elas o permitem. Essa ajuda mantém reserva e possui força. Há desordem da ajuda, neste caso, quando o ajudante nega as circunstâncias ou as encobre, ao invés de encará-las, juntamente com a pessoa que busca a ajuda. Querer ajudar contra as circunstâncias enfraquece tanto o ajudante quanto a pessoa que espera ajuda ou a quem ela é oferecida ou mesmo imposta.

O PROTÓTIPO DA AJUDA

O protótipo da ajuda é a relação entre pais e filhos e, principalmente, a relação entre a mãe e o filho. Os pais dão, os filhos tomam. Os pais são grandes, superiores e ricos, ao passo que os filhos são pequenos, necessitados e pobres. Contudo, porque os pais e os filhos são ligados entre si por um profundo amor, o dar e o tomar entre eles pode ser quase ilimitado. Os filhos podem esperar quase tudo de seus pais. E os pais estão dispostos a dar quase tudo a seus filhos. Na relação entre pais e filhos, as expectativas dos filhos e a disposição dos pais para atendê-las são necessárias; portanto, estão em ordem.

Contudo, elas só estão em ordem enquanto os filhos ainda são pequenos. Com o avançar da idade, os pais vão impondo aos filhos, em escala crescente, limites com os quais eles eventualmente se atritam e podem amadurecer. Estarão sendo os pais, nesse caso, menos bondosos para com seus filhos? Seriam pais melhores se não colocassem limites? Ou, pelo contrário, eles se manifestam como bons pais justamente ao exigirem de seus filhos algo que também os prepara para uma vida de adultos? Muitos filhos ficam então com raiva de seus pais, porque preferem manter a dependência original. Contudo, justamente porque os pais se retraem e desiludem essas expectativas, eles ajudam seus filhos a se livrarem dessa dependência e, passo a passo, a agirem por própria responsabilidade. Só assim os filhos tomam o seu lugar no mundo dos adultos e se transformam de tomadores em doadores.

A TERCEIRA ORDEM DA AJUDA

Muitos ajudantes, por exemplo, na psicoterapia e no trabalho social, acham que precisam ajudar os que lhes pedem ajuda, da mesma forma como os pais ajudam seus filhos pequenos. Inversamente, muitos que buscam ajuda esperam que os ajudantes se dediquem a eles como os pais se dedicam a seus filhos, no intuito de receber deles, tardiamente, o que esperam e exigem dos próprios pais.

O que acontece quando os ajudantes correspondem a essas expectativas? Eles se envolvem numa longa relação. Aonde leva essa relação? Os ajudantes ficam na mesma situação dos pais, em cujo lugar se colocaram com essa vontade de ajudar.

Passo a passo, eles precisam impor limites aos que buscam ajuda, decepcionando-os. Então estes desenvolvem freqüentemente, em relação aos ajudantes, os mesmos sentimentos que tinham antes em relação a seus pais. Assim, os ajudantes que se colocaram no lugar dos pais, querendo mesmo, talvez, ser pais melhores, tornam-se, para os clientes, iguais aos pais deles. Porém muitos ajudantes permanecem presos na transferência e na contratransferência da relação entre filho e pais. Com isso, dificultam ao cliente a despedida, tanto de seus pais quanto dos próprios ajudantes. Ao mesmo tempo, uma relação segundo o modelo da transferência entre pais e filhos impede também o desenvolvimento pessoal e o amadurecimento do ajudante.

VOU ILUSTRAR ISSO COM UM EXEMPLO:

Quando um homem jovem se casa com uma mulher mais velha, ocorre a muitos a imagem de que ele procura um substitutivo para sua mãe. E o que procura ela? Um substitutivo para seu pai. Inversamente, quando um homem mais velho se casa com uma moça mais jovem, muitos dizem que ela procurou um pai. E ele? Procurou uma substituta para sua mãe. Assim, por estranho que soe, quem se obstina por muito tempo numa posição superior e mesmo a procura e quer manter, recusa-se a assumir seu lugar entre adultos equiparados.

Existem, porém, situações, em que convém que, por algum tempo, o ajudante represente os pais: por exemplo, quando um movimento amoroso precocemente interrompido precisa ser levado a seu termo. Contudo, diferentemente da transferência da relação entre pais e filhos, o ajudante apenas representa aqui os pais reais. Ele não se coloca em lugar deles, como se fosse uma mãe melhor ou um pai melhor. Por esta razão, também não é preciso que o cliente se desprenda do ajudante, pois este o leva a afastar-se dele e a voltar-se para os próprios pais. Então o ajudante e cliente se liberam mutuamente.

Mediante a adoção desse padrão de sintonia com os pais verdadeiros, o ajudante frustra, desde o início, a transferência da relação entre os pais e o filho. Pois, quando respeita em seu coração os pais do cliente, e fica em sintonia com esses pais e seus destinos, o cliente encontra nele os seus pais, dos quais já não pode esquivar-se. A mesma coisa vale quando o ajudante precisa lidar com crianças ou deficientes físicos. Na medida em que ele apenas representa os pais, e não se coloca em seu lugar, os clientes podem sentir-se em segurança com ele.

A terceira ordem da ajuda seria, portanto, que, diante de um adulto que procura ajuda, o ajudante se coloque igualmente como um adulto. Com isso, ele recusa as tentativas do cliente para fazê-lo assumir o papel dos pais. É compreensível que essa atitude do ajudante seja sentida e criticada, por muitas pessoas, como dureza. Paradoxalmente, essa “dureza” é criticada por muitos como arrogância. Quem olha bem, vê que a arrogância consistiria antes no envolvimento do ajudante numa transferência da relação entre pais e filho.

A desordem da ajuda consiste aqui em permitir a um adulto que faça ao ajudante as exigências de um filho a seus pais, para que o trate como criança e o poupe de algo pelo qual somente o cliente pode e deve carregar a responsabilidade e as conseqüências. É o reconhecimento dessa terceira ordem da ajuda que constitui a mais profunda diferença entre o trabalho das constelações familiares e psicoterapia habitual.

A QUARTA ORDEM DA AJUDA

Sob a influência da psicoterapia clássica, muitos ajudantes freqüentemente encaram seu cliente como um indivíduo isolado. Com isso, também se expõem facilmente ao risco de assumirem a transferência da relação entre pais e filho. Contudo, o indivíduo é parte de uma família. Somente quando o ajudante o percebe assim é que ele percebe de quem o cliente precisa, e a quem ele possivelmente está devendo algo.

O ajudante realmente percebe o cliente a partir do momento em que o vê junto com seus pais e antepassados, e talvez também junto com seu parceiro e com seus filhos. Então ele percebe quem, nessa família, precisa principalmente de sua atenção e de sua ajuda, e a quem o cliente precisa dirigir-se para reconhecer os passos decisivos e levá-los a termo. Isto significa que a empatia do ajudante precisa ser menos pessoal e – principalmente - mais sistêmica. Ele não se envolve num relacionamento pessoal com o cliente. Esta é a quarta ordem da ajuda.



A desordem da ajuda, neste caso, consistiria em não contemplar nem honrar outras pessoas essenciais, que teriam em suas mãos, por assim dizer, a chave da solução. Incluem-se entre elas, sobretudo, aquelas que foram excluídas da família, por exemplo, porque os outros se envergonharam delas.

Também aqui é grande o perigo de que essa empatia sistêmica seja sentida como dureza pelo cliente, sobretudo por aqueles que fazem reivindicações infantis ao ajudante. Pelo contrário, aquele que busca a solução, de maneira adulta, sente esse enfoque sistêmico como uma liberação e uma fonte de força.

A QUINTA ORDEM DA AJUDA

O trabalho da constelação familiar aproxima o que antes estava separado. Nesse sentido, ele está a serviço da reconciliação, sobretudo com os pais. O que impede essa reconciliação é a distinção entre bons e maus membros da família, tal como é feita por muitos ajudantes, sob o influxo de sua consciência e de uma opinião pública presa nos limites dessa consciência. Por exemplo, quando um cliente se queixa de seus pais, das circunstâncias de sua vida ou de seu destino, e quando um ajudante se associa à visão desse cliente, ele serve mais ao conflito e à separação do que à reconciliação. Portanto, alguém só pode ajudar, no sentido da reconciliação, quando imediatamente dá um lugar em sua alma à pessoa de quem o cliente se queixa. Assim, o ajudante antecipa na própria alma o que o cliente ainda precisa realizar na sua.

A quinta ordem da ajuda é portanto o amor a cada pessoa como ela é, por mais que ela seja diferente de mim. Dessa maneira, o ajudante abre a essa pessoa o seu coração, de modo que ela se torna parte dele. Aquilo que se reconciliou em seu coração também pode reconciliar-se no sistema do cliente. A desordem da ajuda seria aqui o julgamento sobre outros, que geralmente é uma condenação, e a indignação moral associada a isso. Quem realmente ajuda, não julga.

A PERCEPÇÃO ESPECIAL

Para poder agir de acordo com as ordens da ajuda, não é preciso qualquer percepção especial. O que eu disse aqui sobre as ordens da ajuda não deve ser aplicado de forma precisa e metódica. Quem tentar isso estará pensando, ao invés de perceber. Ele reflete e recorre a experiências anteriores, em vez de se expor á situação como um todo e apreender dela o essencial. Por isso, essa percepção envolve ambos os aspectos: ela é simultaneamente direcionada e reservada. Nessa percepção, eu me direciono a uma pessoa, porém sem querer algo determinado, a não ser percebê-la interiormente, de uma forma abrangente, e com vistas ao próximo ato que se fizer necessário.

Essa percepção surge do centramento. Nela, eu abandono o nível das ponderações, dos propósitos, das distinções e dos medos, e me abro para algo que me move imediatamente, a partir do interior. Aquele que, como representante numa constelação, já se entregou aos movimentos da alma e foi dirigido e impelido por eles de uma forma totalmente surpreendente, sabe de que estou falando. Ele percebe algo que, para além de suas ideias habituais, o torna capaz de ter movimentos precisos, imagens internas, vozes interiores e sensações inabituais.

Esses movimentos o dirigem, por assim dizer, de fora, e simultaneamente de dentro. Perceber e agir acontecem aqui em conjunto. Essa percepção é, portanto, menos receptiva e reprodutiva. Ela é produtiva; leva à ação, e se amplia e aprofunda no agir.

A ajuda que decorre dessa percepção é geralmente de curta duração. Ela fica no essencial, mostra o próximo passo a fazer, retira-se rapidamente e despede o outro imediatamente em sua liberdade. É uma ajuda de passagem. Há um encontro, uma indicação, e cada um volta a trilhar o próprio caminho. Essa percepção reconhece quando a ajuda é conveniente e quando seria antes danosa. Reconhece quando a ajuda coloca tutela ao invés de promover, e quando serve para remediar antes a própria necessidade do que a do outro. E ela é modesta.

OBSERVAÇÃO, PERCEPÇÃO, COMPREENSÃO, INTUIÇÃO, SINTONIA

Talvez seja útil descrever aqui ainda as diferentes formas de conhecimento, para que, quando ajudamos, possamos recorrer ao maior número delas que for possível, e escolher entre elas. Começo pela observação.

A observação é aguda e precisa, e tem em vista os detalhes. Como é tão exata, é também limitada. Escapa-lhe o entorno, tanto o mais próximo quando o mais distante. Pelo fato de ser tão exata, ela é próxima, incisiva, invasiva e, de certa maneira, impiedosa e agressiva. Ela é condição para a ciência exata e para a técnica moderna decorrente dela.

A percepção é distanciada. Ela precisa da distância. Ela percebe simultaneamente várias coisas, olha em conjunto, ganha uma impressão do todo, vê os detalhes em seu entorno e em seu lugar. Contudo, é imprecisa no que toca aos detalhes. Este é um dos lados da percepção. O outro lado é que ela entende o observado e o percebido. Ela entende o significado de uma coisa ou de um processo observação e percebido. Ela vê, por assim dizer, por trás do observado e do percebido, entende o seu sentido. Acrescenta, portanto, à observação e à percepção externa uma compreensão.

A compreensão pressupõe observação e percepção. Sem observação e percepção, também não existe compreensão. E vice-versa: sem compreensão, o observado e percebido permanece sem relação. Observação, percepção e compreensão compõem um todo. Somente quando atuam em conjunto é que percebemos de uma forma que nos permite agir de forma significativa e, principalmente, também ajudar de uma forma significativa.

Na execução e na ação, freqüentemente aparece ainda um quarto elemento: a intuição. Ela tem afinidade com a compreensão, assemelha-se a ela, mas não é a mesma coisa. A intuição é a compreensão súbita do próximo passo a dar. A compreensão é muitas vezes geral, entende todo o contexto e todo o processo. A intuição, em contraposição, reconhece o próximo passo e, por isso, é exata. Portanto, a relação entre a intuição e a compreensão é semelhante à relação entre a observação e a percepção.

Sintonia é uma percepção a partir do interior, num sentido amplo. Como a intuição, ela também se direciona para a ação, principalmente para a ação de ajuda. A sintonia exige que eu entre na mesma vibração do outro, alcance a mesma faixa de onda, sintonize com ele e o entenda assim. Para entendê-lo, também preciso ficar em sintonia com sua origem, principalmente com seus pais, mas também com seu destino, suas possibilidades, seus limites, e também com as conseqüências de seu comportamento e de sua culpa; e, finalmente, com sua morte.

Ficando em sintonia, eu me despeço, portanto, de minhas intenções, de meu juízo, de meu superego e de suas exigências sobre o que eu devo e preciso ser. Isso quer dizer: fico em sintonia comigo mesmo, da mesma forma que com o outro. Dessa maneira, o outro também pode ficar em sintonia comigo, sem se perder, sem precisar temer-me. Da mesma forma, também posso ficar em sintonia com ele permanecendo em mim mesmo. Não me entrego a ele, mas mantenho distancia na sintonia. Com isso, ao ajudá-lo, posso perceber exatamente o que posso fazer e o que tenho o direito de fazer. Por esta razão, a sintonia é também passageira. Ela dura apenas enquanto dura a ação da ajuda. Depois, cada um volta à sua própria vibração. Por esta razão, não existe na sintonia transferencia nem contratransferência, nem a chamada relação terapêutica. Portanto, um não assume a responsabilidade pelo outro. Cada um permanece livre do outro.

SOBRE O MOVIMENTO INTERROMPIDO

Quando uma criança pequena não teve acesso à mãe ou ao pai, embora precisasse deles com urgência e ansiasse por eles, por exemplo, numa longa internação hospitalar, esse anseio se transforma em dor de perda, em desespero e raiva. A partir daí, a criança se retrai diante de seus pais e, mais tarde, também de outras pessoas, embora anseie por eles. Essas conseqüências de um movimento amoroso precocemente interrompido são superadas quando o movimento original é retomado e levado a seu termo. Nesse processo, o ajudante representa a mãe ou o pai daquele tempo, e o cliente pode completar o movimento interrompido, como a criança de então.