Este texto foi escrito, como tarefa de casa, pela
aluna Ana Paula Brolezi David. É uma síntese das Leis Sistêmicas, produzido como tarefa do Módulo I, Introdução às Constelações Sistêmicas Familiares e Organizacionais, do Curso Vivencial Treinamento em Constelações Sistêmicas, da professora Ana Lucia Braga.(*)
“ Muita gente julga que o amor
tem o poder de superar tudo, que é preciso apenas amar bastante e tudo ficará
bem. (…) para que o amor dê certo, é preciso que exista alguma outra coisa ao lado dele. É necessário que haja
o conhecimento e o reconhecimento de uma ordem oculta do amor.” Bert Hellinger
Hellinger descobriu, ao longo de
seu trabalho, uma série de leis ocultas que atuam sobre as pessoas, famílias e
grupos. Essas leis, que chamou de leis do amor, são forças dinâmicas e
articuladas que atuam sobre nossas vidas sem que o percebamos. Quando
ignoradas, causam grandes desordens, conflitos, doenças e dores. Em
contrapartida, quando respeitadas percebemos seu fluxo harmonioso como uma
sensação de estar bem no mundo.
A primeira lei se refere à
pertinência: Todos têm o igual direito de pertencer.
A segunda lei se refere ao
equilíbrio entre dar e receber.
A terceira lei diz que há uma
hierarquia de tempo: os mais antigos vêm primeiro e os mais novos vêm depois.
Para Bert, todo grupo funciona
como um organismo vivo que se autorregula para permitir que sobreviva ao longo
do tempo. E foi trabalhando e observando questões simples e essenciais do
relacionamento familiar, que tocavam de forma sutil a alma da família, como a dor, a vida, a morte, o amor
e as separações e seus resultados que ele formulou as leis ou ordens do amor,
utilizando, para tal, o método fenomenológico.
1° Lei: TODOS TÊM O IGUAL DIREITO DE PERTENCER.
Essa lei diz que não importa o
que uma pessoa faça de “condenável”, “pecaminoso”, “reprovável” ou “errado” ela
continua tendo o direito de pertencer ao sistema familiar.
Suas atitudes não o isentam de
repreensões, de restrições, de punições legais e podem até diminuir sua
confiabilidade e proximidade, mas isso não tira seu direito de pertencer ao
sistema familiar.
Quando algum membro da família é
excluído acaba por se criar um efeito colateral onde os mesmos comportamentos
reprováveis acabam por reaparecer em alguns membros das gerações seguintes
(filhos, netos ou bisnetos) ou como um problema entre irmãos ou casal.
Essa lei também é válida
para filhos que não foram reconhecidos e
pessoas que foram prejudicadas em favor de alguém da família. Por exemplo, em
separações onde a felicidade de alguém foi fruto da infelicidade de outro.
Quando esses membros da família
são reconhecidos, pode haver a reconciliação pacífica entre todos, mas isso
requer grande coragem, pois exige que os membros da família superem seus
julgamentos morais em favor da reinclusão daquele membro excluído e que se dê
um lugar a ele em seus corações.
Assim todos podem sentir a paz
que foi interrompida pelos acontecimentos dolorosos do passado, e para o membro
que carregava a sensação de não ser aceito acaba e a felicidade se torna
possível.
2° Lei: O EQUILÍBRIO ENTRE O DAR E RECEBER
Bert percebeu que nas famílias
existe uma ordem natural do dar e receber entre pais e filhos e nos casais.
A ordem natural vem do mais
antigo para o mais jovem. Os pais dão e os filhos recebem. Os pais dão a vida e
os filhos a tomam. Os pais dão amor e os filhos o tomam em seu coração. Aqui dá
se um grande aprendizado: os filhos precisam dos pais, mas os pais não precisam
dos filhos.
Quando essa ordem é invertida os
problemas começam. Muitos pais, voltados para seus problemas íntimos, acabam
por sobrecarregarem seus filhos que na tentativa de trazê-los para o aqui e
agora e fazê-los felizes, em sua inocência, inconscientemente, dizem: “eu vou
no seu lugar” ou “eu sofro por você”, e acabam ficando doentes para que os pais
se unam e sejam felizes.
Esse amor é cego e além de não
solucionar o problema acaba por agravar a situação, pois os pais acabam por
abandonarem seus relacionamentos para nutrir as necessidades dos filhos e,
embora inconscientemente, eles acabam pagando com um sentimento de expiação e
toda expiação é sem sentido e não traz crescimento, pois nenhum mal se paga com
sofrimento.
No momento que os pais percebem
que a criança passou a ter mais importância na família, é hora de reassumirem o
papel de pais e deixarem seus filhos livres para que sigam suas vidas.
A melhor forma de os filhos
retribuírem o amor que receberam dos pais é passando adiante para as próximas
gerações.
Entre o casal, há desequilíbrio
quando um dos parceiros se sente superior ao outro e prefere dar todo o seu
amor ao parceiro e sem perceber se recusam a receber. Com o tempo o parceiro
vai se infantilizando e se torna dependente, perdendo assim o interesse e acaba
por buscar novas distrações e vícios para preencher o vazio que sente ou acaba
por adoecer pela impossibilidade de retribuir o muito que recebeu.
Os que muito recebem podem agir
de 3 formas:
A primeira é ser grato pelo muito
que recebeu, a segunda é tentar diminuir e atacar a pessoa que deu muito para
que ela se sinta tão inferior quanto ele. E a terceira, é deixar a pessoa que
muito deu, seja traindo ou abandonando a relação.
Portanto, para que o amor dê
certo é fundamental que o equilíbrio entre dar e receber seja respeitado.
3° Lei: HÁ UMA HIERARQUIA DE TEMPO: OS
MAIS ANTIGOS VÊM PRIMEIRO E OS MAIS NOVOS VÊM DEPOIS.
A hierarquia diz que quem vem
primeiro tem prioridade sobre quem vem depois, assim os pais tem prioridades
sobre os filhos. Os pais são grandes e os filhos pequenos, assim os pais dão e
os filhos recebem.
Quando essa ordem fica invertida
e os filhos se sentem maiores que os pais, a alma do filho sente um desconforto
que se manifesta em forma de sofrimento autoimposto, essa arrogância acaba por trazer à vida dos filhos muitos fracassos,
doenças e destinos difíceis.
Os filhos devem receber o amor
dos pais da forma como lhe é dado, e ser gratos.
Quando os filhos reivindicam dos
pais além do que eles dão, cria-se uma desordem na hierarquia, deixando-os
amargos e duros consigo mesmo.
Entre os relacionamentos também
existe uma ordem, só que diferente.
Quando o filho arruma uma esposa,
a família atual passa a ter preferência sobre a família do pai e mãe.
Os conflitos acontecem quando um dos parceiros fica preso à família
anterior e não se entrega plenamente ao parceiro. Nesse caso a solução é
reconhecer a grandeza dos pais, mas honrar a escolha amorosa atual.
Quando há um segundo casamento, o
atual tem prioridade sobre o anterior, mas se houver filhos do primeiro
casamento, esses têm prioridades sobre o segundo casamento e há a necessidade
que a mãe dos filhos seja reconhecida como a primeira mulher e mãe dos filhos
do marido.
A arrogância dos filhos em exigir
mais do que receberam dos pais causa muita dor, mas quando se consegue
reconhecer a grandeza da vida e perceber que isso é o bastante, a ordem se
restabelece no sistema familiar e o amor volta a fluir.
Quando respeitadas essas três
leis, a vida segue em harmonia, equilíbrio e sucesso.
(*) - Ana Lucia
Braga é Terapeuta de Constelações Sistêmicas, Terapeuta Corporal Neo Reichiana
e Psicopedagoga.
Formação: - Constelações Sistêmicas em São Paulo, na primeira turma do médico e
terapeuta Renato Shaan Bertate, realizando seminários com os terapeutas
alemães: Mimansa Erica Farny, Mariane Franke e Hady Leitner. - Participou de
seminário com o terapeuta alemão Jacob Schineider - E dos seminários de Bert
Hellinger no Brasil, em 2005, 2006 e 2007, Belo Horizonte, Goiânia e Brasília,
respectivamente - Participou dos I, II e III Treinamentos avançados em
Constelações Familiares, conduzidos por Bert Hellinger e Sophie Hellinger, em
Águas de Lindóia – SP, em 2008, 2009 e no México em 2011. - Participou das
Jornadas Internacionais de Pedagogia Sistêmica conduzidas por Bert e Sophie
Hellinger, no CUDEC, México, em 2012.
Contato :
Tel. +55 16 3021-5490 – 32353338 – 32353339- Cel.: +55 16 9994-7224
e-mail:
anaabbraga@gmail.com.br
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